O Ibama lançou, nesta quarta-feira (21), edital para contratar uma empresa privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. A decisão de buscar a iniciativa privada já tinha sido anunciada pelo governo Bolsonaro, que criticou os dados atualmente captados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), episódio que levou à exoneração do diretor do instituto, Ricardo Galvão.
De acordo com a descrição, o governo federal faz “prospecção de empresas especializadas no fornecimento de serviços de monitoramento contínuo utilizando-se do imageamento diário por imagens orbitais ortorretificadas de alta resolução espacial para geração de alertas diários”.
As possíveis empresas interessadas terão oito dias para apresentar as propostas. O edital detalha que o governo quer “imagens com resolução espacial igual ou melhor que 3,0 metros” e “resolução radiométrica igual ou melhor que 12 bits”.
O detalhamento das exigências do edital coincide com a qualidade de imagens oferecida pela empresa Planet, que mantém em órbita satélites de mesmo nome. No site dessa companhia dos EUA, consta apenas a Santiago & Cintra Consultoria como parceira no Brasil, que já chegou a firmar contratos com Pará e Mato Grosso para monitorar o desmatamento.
Dados dos satélites da série Planet foram utilizados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para criticar a qualidade dos dados oferecidos pelos alertas do Inpe. O sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) fornece imagens que cobrem uma área de 64 metros de resolução espacial. Na ocasião, Salles disse que a contratação de imagens diárias e de alta resolução iriam se “somar” aos sistemas já utilizados pelo Inpe.
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O anúncio do início do processo de contratação ocorre dias após o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado que os ministros estão “apavorados” com a falta de verba neste ano, e de especialistas terem criticado a decisão de não usar os dados dos alertas do Inpe, que são adotados desde 2004, não tinham sido contestados e são apontados como decisivos na diminuição do desmatamento no Brasil.
De acordo com a série histórica dos dados do desmatamento, os alertas gerados pelo Inpe vêm sendo confirmados, e com margem.
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Crítica ao monitoramento privado
No sábado (10), o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe trocaram acusações no programa Painel, da GloboNews. No debate, Salles reafirmou a intenção de contratar uma empresa privada.
Galvão rebateu que é preciso usar a “ciência brasileira” para isso, porque já existem, segundo ele, ONGs e institutos capacitados no país para colher essas informações. Salles criticou a postura do ex-diretor dizendo que era “ufanista” e afirmou que não se pode utilizar um sistema técnico que não seja avançado “só porque é brasileiro”.
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Por G1