Empresário que emprestou, citado na CPI da Pandemia, foi envolvido, em 2006, na Operação Saúva, da Polícia Federal (PF), que investigou fraudes em licitações no Amazonas.
O empresário Fábio Passos, dono da FJAP & Cia. Ltda., que vendeu 28 ventiladores pulmonares ao governo do Amazonas por R$ 2,96 milhões, disse que comprou os equipamentos com R$ 2,5 milhões emprestados do empresário Cristiano da Silva Cordeiro, da Big Trading, ex-dono do supermercado Big Amigão e envolvido, em 2006, na Operação Saúva, da Polícia Federal (PF), que investigou fraudes em licitações para a compra de alimentos para as Forças Armadas, merenda escolar e programas sociais do governo federal no Amazonas.
A informação foi dada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Amazonas que investiga os gastos do governo do Amazonas na área de saúde, com destaque para o período da pandemia de Covid-19.
Em 2006, A PF prendeu, em operação realizada em seis Estados e no Distrito Federal, 30 pessoas acusadas de participar de quadrilha que fraudava licitações para compra de alimentos para as Forças Armadas, merenda escolar e programas sociais do governo federal no Amazonas.
Na Operação Saúva foram presos empresários e funcionários públicos – entre eles, dez militares -, todos indiciados por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha, entre outros crimes.
No Amazonas, em um ano, a PF e a Receita Federal apuraram fraudes em licitações e compras superfaturadas num total de mais de R$ 126 milhões. Eram alimentos adquiridos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pelo Exército, pelo governo do Estado e pelas prefeituras de Manaus e de Presidente Figueiredo (AM).
Entre os presos à época estavam o então secretário-executivo da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo, o superintendente da Conab, Juscelino de Souza Moura, e Manoel Paulo da Costa, assessor do então vice-governador do Estado. O empresário Cristiano da Silva Cordeiro era considerado a “saúva-rainha” pela PF. Era dele o grupo de empresas com maior movimentação no esquema: a Gold Distribuidora de Alimentos, a Norte Distribuidora, a Distribuidora Petrolina, a Global Logística e a Big Norte.
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Kércio Pinto, citou ainda outros três empresários amazonenses como líderes dos outros grupos: Lamarck Barroso de Souza, Ricardo de Oliveira Lobato e José Maurício Gomes Lima – este, irmão de Cristiano da Silva Cordeiro.
Cordeiro comandava o esquema pelo qual as empresas se juntavam para oferecer gêneros alimentícios a órgãos federais, estaduais e municipais. “Eles fraudavam licitações para merenda escolar, para refeições do Exército e também para a de ribeirinhos, durante a seca do ano passado, por meio de licitação com a Conab, que fornecia as cestas para o governo estadual”, disse Pinto.
Fábio Passos negou qualquer irregularidades no processo e disse que apenas agiu como empresário, que viu uma oportunidade para fazer negócios. Disse também que sua empresa nunca teve problemas, que idônea, nunca foi processado. E que nunca pensou que iria estar numa situação como essa, com tanta “maldade com ele, a família e funcionários”.
O empresário não soube explicar aos membros da CPI como conseguiu, sem conhecer ninguém dentro da secretaria de Saúde, como informou, vender os equipamentos e receber o pagamento no dia seguinte, quando há dezenas de empresas que já prestaram serviços na área de saúde e ainda não conseguiram receber os pagamentos, até hoje. Disse que o mundo inteiro procurava respiradores em função da pandemia e que o resultado foi por causa de sua competência como empresário.
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