A jornalista e consultora do Governo de Wilson Lima, Carla Pollake – que mesmo sem ter oficialmente cargo ou função da Administração Pública coordenada o projeto Anjos da Saúde – recebeu R$ 16 mil da agência de publicidade Mene e Portella – que presta serviços ao Governo – por três dias de palestras aos donos da empresa, Nilio Braga Portella e Túlio Mene, nos dias 29 a 31 de janeiro de 2019. No entanto, nos mesmos dias e horários ela estava na sede do Governo, ministrando um curso aos servidores que atuam na Comunicação das Secretarias de Estado.
Os dados foram revelados nesta quarta-feira (5), durante o depoimento do empresário Nilio Portella à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam). “A dona Carla (Pollake) não é minha amiga. Já conhecia ela como mestre em Comunicação, mas nunca tinha tido a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e entender o trabalho dela. Certo dia, a secretária (Daniela Assayag) marcou uma reunião na minha empresa e levou a Carla Pollake. O teor da reunião era que ela (Carla Pollake) faria uma reunião aos secretários sobre os hábitos dos amazonenses e a secretária pediu que transformassemos as quatro páginas em Word da apresentação em algo visual”, explicou Nilio.
Segundo ele, após as tratativas no âmbito do contrato com o Governo, ele se interessou pelo estudo desenvolvido por Carla Pollake sobre os hábitos da população em 20 capitais brasileiras. “Me interessei e perguntei se ela poderia ministrar uma palestra, apresentar o estudo em uma reunião com meu sócio. Ela disse que sim e então marcarmos para dois dias depois. Foram três tardes do dia 29 a 31 de janeiro”, contou o empresário aos membros da CPI.
No entanto, ele foi confrontado pelo deputado estadual Serafim Corrêa que apresentou uma foto – postada inclusive nas redes sociais de Carla Pollake – na qual ela aparece, no mesmo dia e horário que estaria ministrando o curso a ele e a seu sócio – no auditório da sede do Governo, ministrando um curso aos servidores de Estado.

“Como ela pode estar em dois lugares no mesmo dia e horário? Porque temos uma foto que nos mostra que ela estava na sede do Governo no mesmo dia e horário que o senhor aponta que ela estava em sua empresa. Além disso, temos documentos e confirmações de pessoas que participaram do curso”, questionou o deputado ao afirmar que a jornalista deve “estar odiando o Amazonas porque apagou todas as fotos do Estado das suas redes sociais”.
O empresário afirmou que não sabia dizer como Carla Pollake poderia estar em dois lugares, mas, garantiu que ela estava na Mene e Portella de 29 a 31 de janeiro de 2019.
Durante a transmissão ao vivo do depoimento, foi possível ver, no Facebook da Aleam, que a ex-secretária de Comunicação do Governo, Daniela Assayag, citada pelo empresário, acompanhava a sessão da CPI, assim como servidores da Secretaria de Comunicação (Secom).
Sonegação de imposto
O empresário afirmou, ainda, que efetuou o pagamento de R$ 16 mil via transferência eletrônica mediante emissão de nota fiscal e não achou o valor caro. “Fiz tudo dentro da legalidade. Ela prestou o serviço e nós pagamos”, disse Nilio Portella.
Segundo o deputado Serafim Corrêa, a empresa Mene e Portella e a jornalista Carla Pollake sonegaram imposto. “Essa senhora prestou serviços em Manaus e emitiu a nota fiscal no município de São Paulo, deixando de recolher o imposto devido ao município de Manaus. E o senhor, como solidário, também pagou o imposto para São Paulo, sonegando impostos à Prefeitura de Manaus com quem, inclusive, o senhor tem contratos. Olhe no que essa senhora lhe meteu. Sugiro que o senhor corriga essa sonegação imediatamente. Afinal, como a Semef olhará para sua empresa agora?”, criticou Serafim Corrêa.
O depoimento do empresário Nilio Braga Portella faz parte de uma série de oitivas que serão feitas pela CPI para apurar, entre outros, os gastos com publicidade pelo Governo durante a pandemia do novo coronavírus.
O nome de Carla Pollake apareceu durante os depoimentos da CPI da Saúde após o ex-secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, a apontá-la como coordenadora do projeto “Anjos da Saúde”, gerido pela AADES e que custou cerca de R$ 6 milhões aos cofres públicos.Questionada pela CPI, Carla Pollake afirmou que não cobrou pelos serviços prestados ao Governo por ser amiga pessoal do governador Wilson Lima.
De acordo com o relator da CPI, novos depoimentos estão previstos para a próxima segunda-feira (10).
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