Tradicionalmente no Brasil, o dia 19 de abril é uma data que se comemora o Dia dos Povos Indígenas no País e marca a luta pela preservação da cultura, história e defesa dos direitos. Diante dessa representatividade, o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) desta quarta-feira, 19, para revelar que mais de 300 crianças de famílias indígenas do Vale do Javari estão sendo prejudicadas devido à falta de continuidade na oferta da escolarização na comunidade, localizada no município de Atalaia do Norte, distante 1.138 quilômetros de Manaus.
A revelação ocorre após uma reunião feita com lideranças indígenas do Vale do Javari, na última terça-feira, 18, onde uma comissão cobra a implementação da educação indígena naquela região, que abrange cinco etnias: Mayuruna, Matis, Canamari, Colina e Maru e suas respectivas aldeias. De acordo com a liderança Gelson Mayuruna, os alunos estudam até a conclusão do Ensino Fundamental 1 (1° ao 5° ano), mas que há mais de três anos não ocorre a oferta do Ensino Fundamental 2, que vai do 6° ao 9° ano, além do Ensino Médio.
“Eu fui o único deputado que recebi a comissão de lideranças indígena do Vale do Javari, existem mais de 300 crianças que estão sem estudar e a Seduc sequer recebe a comissão. Muitos custearam suas passagens, saem de suas aldeias e vêm à capital atrás de uma pauta para resolução de problemas, mas não são atendidos. É essa falta do direito que nós precisamos combater”, afirmou Barreto à tribuna da Casa Legislativa.
Diante da problemática, Wilker se comprometeu a agendar uma reunião junto à Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc) para cobrar providências acerca da regularização do ensino escolar na comunidade indígena, além de melhorias quanto à estrutura da oferta da educação às comunidades do Vale do Javari. Na ocasião, o parlamentar apresentou no plenário da Casa Legislativa imagens de alunos estudando sentados no chão por falta de cadeiras escolares, e estrutura deficitária.
“Olhem essas imagens, crianças estudando no chão, sem material, sem nada, mas no sistema da Seduc isso é escola. É essa a educação dos nossos povos indígenas? Isso é uma vergonha, estou desde ontem tentando falar com a secretária do interior, espero que ela não mude a agenda e que possamos encontrar soluções para essas reivindicações”, ponderou Barreto.
O coordenador da comissão, Gilson Mayuruna, relatou as dificuldades que afetam as comunidades do Vale do Javari e pediu atenção do Executivo. “O Estado lá está omisso, está ausente. Lá é a famosa adaptação. A gente veio fazer aqui uma reivindicação, pois nossas crianças e jovens estão há três anos sem escola, isso é um desrespeito. Cadê o governador?… A obrigação é do Estado, nossas crianças estão mendigando por estudo. Em nome do povo do Vale do Javari estamos pedindo socorro”, frisou.
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