O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os extratos bancários relativos aos últimos quatro anos de sua gestão executiva. Essa ação segue a determinação do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a quebra de sigilo de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michele no contexto de uma investigação relacionada a um suposto esquema de comercialização de presentes e joias oferecidos ao ex-presidente.
Na petição protocolada nesta quinta-feira, 24, os advogados de Bolsonaro, liderados por Paulo Amador da Costa Bueno, afirmam que a divulgação dos extratos é “voluntária”, ao mesmo tempo que solicitam a manutenção do sigilo das informações, citando a sensibilidade dos documentos. A equipe legal acrescenta que Bolsonaro está disposto a colaborar com a justiça para esclarecer qualquer dúvida sobre suas transações bancárias.
A decisão de quebrar os sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e Michele foi emitida no âmbito do inquérito da Operação Lucas 12:2, que conduziu buscas contra colaboradores próximos ao ex-presidente, como o general Mauro César Lourena Cid – pai de Mauro Cid -, o advogado criminalista Frederick Wassef, que defendeu o ex-presidente, e o tenente Osmar Crivelatti, ex-auxiliar de ordens de Bolsonaro.
A ex-primeira-dama reagiu à medida, caracterizando-a como “perseguição política” destinada a manchar a reputação da família Bolsonaro. Ela expressou sua opinião nas redes sociais, declarando: “Por que revelar meus dados bancários e fiscais? Bastava um pedido”.
Dentro do inquérito, a Polícia Federal apresentou evidências de que o ex-presidente, seu ex-auxiliar de ordens Mauro Cid e outros dois assessores do ex-presidente “agiram para desviar presentes de alto valor recebidos em decorrência do cargo pelo ex-presidente, com a intenção de posterior venda no exterior”.
Em uma parte do relatório, a PF menciona uma mensagem na qual Mauro Cid, conforme avaliação dos investigadores, demonstra receio em utilizar o sistema bancário para transferir dinheiro ao ex-presidente e sugere entregar os recursos em dinheiro, por intermédio de seu pai.
“Há vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava considerando o que fazer com esse dinheiro, levá-lo em espécie aí. Meu pai também estava pensando em ir até lá falar com o presidente (…) Então ele poderia levar. A entrega seria em mãos. Mas também é possível depositar na conta (…). Acredito que menos movimentação na conta seja melhor, não é mesmo? (…)”, afirmou Cid em uma mensagem enviada a outro assessor do ex-presidente em janeiro de 2023.
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