O preço do diesel no Brasil continua sua escalada, registrando alta pelo oitavo período consecutivo nos postos de combustível do país. A situação é agravada pela suspensão das exportações russas, que vinham ajudando a manter os preços estáveis no mercado interno.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o litro do diesel S-10 foi vendido em média a R$ 6,22 nesta semana, representando um aumento de R$ 0,02 por litro em relação à semana anterior.
Desde a semana que precedeu o último ajuste realizado pela Petrobras em 16 de agosto, o preço do diesel acumula um aumento de R$ 1,14 por litro. Esse aumento é resultado não apenas da retomada parcial da cobrança de impostos federais, mas também do aumento nos custos de importação nas últimas semanas.
Enquanto isso, o preço da gasolina nos postos brasileiros registrou uma diminuição de R$ 0,02 por litro, atingindo a marca de R$ 5,84. Essa é a terceira semana consecutiva de ligeiras quedas, totalizando um recuo de R$ 0,04 por litro, conforme informações da agência. O preço médio do etanol hidratado permaneceu estável, mantendo-se em R$ 3,64 por litro.
O Brasil depende da importação de aproximadamente 25% do seu consumo de diesel, com a maior parte desse volume vindo da Rússia, devido ao preço mais competitivo em comparação com o diesel americano. Em agosto, 70% das importações brasileiras de diesel foram provenientes da Rússia.
No entanto, em um movimento recente, a Rússia anunciou restrições temporárias às exportações de diesel, visando estabilizar seu mercado interno. Com a limitação nas opções de fornecedor, especialistas preveem um aumento nas importações de outros mercados tradicionais, como os Estados Unidos.
Essa mudança de fornecedor já está causando impactos diretos nos preços. De acordo com a Argus, o diesel russo chegava ao Brasil com um desconto de R$ 0,18 por litro em relação aos contratos nas refinarias americanas.
Além disso, devido às diferenças significativas entre os preços internos e os custos de importação, importadores privados estão reduzindo suas compras para evitar prejuízos. Isso coloca a responsabilidade de abastecimento do mercado interno sobre a Petrobras. Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, observa que “todo mundo vai correr para a Petrobras”, mas ressalta que a estatal tem seus limites. Esse cenário pode resultar em dificuldades de abastecimento e possíveis novos reajustes de preços pela estatal.
Na abertura do pregão desta sexta-feira (22), o preço médio do diesel nas refinarias brasileiras estava R$ 0,66 por litro abaixo da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Nas refinarias da Petrobras, a defasagem era de R$ 0,76 por litro.
A Petrobras afirma que está acompanhando de perto o mercado e que sua política comercial visa proporcionar períodos de estabilidade de preços, evitando repassar a volatilidade conjuntural do mercado de petróleo e derivados para seus clientes. Em agosto, a empresa decidiu ajustar os preços de acordo com as cotações internacionais do petróleo, alegando estar no limite de sua otimização operacional e realizando importações complementares para evitar prejuízos.
Boutin enfatiza a dificuldade de prever a duração das restrições russas, observando que elas se aplicam apenas ao diesel com baixo teor de enxofre, o que poderia levar refinadores locais a vender combustível mais poluente para contornar a regulamentação.
No entanto, mesmo com a incerteza quanto à duração das restrições, o mercado não espera um alívio iminente, pois a oferta de diesel está restrita em todo o mundo, devido a paralisações inesperadas em refinarias e ao aumento das cotações internacionais do petróleo nas últimas semanas.
É importante ressaltar que normalmente o preço do diesel tende a aumentar nesta época do ano, devido à necessidade de formação de estoques para o inverno no Hemisfério Norte, que coincide com o período de maior consumo no Brasil, principalmente para o transporte da safra agrícola.
Comments 4