O ritmo de envelhecimento da população brasileira está se assemelhando ao observado no Japão, que foi o primeiro país a experimentar um aumento significativo na proporção de idosos. No Japão, a taxa de pessoas com 65 anos ou mais subiu de 7% em 1971 para 28% em 2019, um intervalo de 48 anos. No Brasil, a expectativa é que um padrão semelhante ocorra. O país atingiu uma taxa de 7% em 2012, e as projeções apontam que esse número chegará a 28% em 2062. Esse percurso é comparável ao da China, que iniciou seu processo de envelhecimento em 2001 e alcançará o ápice em 2053.
Os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE, indicaram que 10,9% dos brasileiros têm 65 anos ou mais. Isso significa que, dos 203,1 milhões de habitantes do país, 22,2 milhões estão nessa faixa etária.
Essa tendência de envelhecimento populacional resulta de uma combinação de fatores, incluindo crises econômicas, mudanças no mercado de trabalho, transformações culturais, avanços tecnológicos e eventos catastróficos. Um fator fundamental é a diminuição na taxa de fecundidade das mulheres, que está relacionada ao acesso à educação, ao mercado de trabalho e a métodos contraceptivos.
Comparando o envelhecimento brasileiro com outras economias globais, observa-se que o Brasil está seguindo o ritmo das potências asiáticas, mas também está envelhecendo mais rápido do que alguns países europeus e os Estados Unidos. A França, por exemplo, levou 204 anos para quadruplicar a proporção de idosos, atingindo 28% de maiores de 65 anos em 2074. Já os Estados Unidos demorarão 157 anos para alcançar esse patamar em 2102.
Além dos fatores demográficos, questões migratórias desempenham um papel importante na dinâmica do envelhecimento. A chegada de jovens adultos africanos à França em busca de oportunidades de trabalho retardou o processo de envelhecimento nesse país. Políticas governamentais, como a política de filho único por casal na China, também influenciaram a velocidade do envelhecimento.
De acordo com o sociólogo José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador aposentado do IBGE, é improvável que haja uma mudança significativa no curso do envelhecimento brasileiro e global. Ele compara a demografia a um transatlântico, cuja rota pode ser ajustada, mas de maneira lenta e gradual, ao contrário da economia, que pode mudar rapidamente.
Por fim, o rápido envelhecimento da população brasileira tem implicações significativas para a sociedade, incluindo a demanda por serviços de saúde especializados em geriatria e o desafio de uma população idosa mais ativa e participativa.
