O mais recente revés da Marvel, “As Marvels”, representa o ponto culminante da estratégia de convergência que o estúdio pretendia implementar em seus produtos. A ideia de séries que se transformam em filmes e vice-versa resultou em obras desprovidas de alma.
Os executivos da Disney, aparentemente desavisados, optaram por repetir uma dinâmica que já não funciona nos quadrinhos desde os anos 1990. A interconexão entre diversas narrativas não é mais um padrão, e “As Marvels” reflete isso.
O filme apresenta referências a tantos projetos paralelos que pouco espaço resta para o desenvolvimento dos personagens. Miss Marvel é retratada como uma paródia de si mesma, enquanto Monica Rambeau resgata dramas de produções anteriores, apostando na memória do espectador.
Nick Fury surge como uma figura meramente decorativa, e a Capitã Marvel, teoricamente a protagonista, carece de um arco relevante, mantendo a mesma expressão do início ao fim da história. A premissa, inspirada no Capitão Marvel da era de ouro, é desperdiçada em meio a uma trama confusa.
O filme, que ainda está em cartaz, recebe críticas por sua tentativa de convergência de audiência nas diferentes plataformas proposta pela Disney. A bilheteria aquém das expectativas indica que a transição do streaming para os cinemas não foi bem-sucedida. A estratégia de narrativa em esquema de pirâmide, que antes cativava o público, agora parece excessiva e difícil de acompanhar.
Apesar de ser um fã de quadrinhos, o autor lamenta o desperdício da premissa adorável do filme. O fracasso de “As Marvels” é considerado um símbolo da crise na inteligência emocional do estúdio, ao lado de outros filmes como Thor 4 e Homem-Formiga 3.
A conclusão é que a convergência de audiência nas diferentes plataformas não é viável, e as séries e filmes precisam operar em frequências distintas. O autor sugere que a estratégia de lançamentos interligados, que funcionava como um esquema de pirâmide, atingiu um nível obsessivo nos últimos anos, dificultando a atenção do público para tantos produtos do mesmo universo.
Em tom crítico, compara o resultado a uma “Telexfree dos filmes de hominho”, referindo-se ao fracasso retumbante do projeto. Enquanto espera correções na rota, o autor expressa a esperança de que Hollywood prepare novas abordagens para os próximos anos.