O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta quinta-feira (30) que o mundo enfrenta um “colapso climático em tempo real”, alertando que os recordes de temperatura projetam um futuro alarmante para o planeta. Guterres fez essa declaração durante a abertura da COP28, a conferência do clima da ONU que teve início em Dubai.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, concluiu que 2023 será marcado como o ano mais quente da história, com um aquecimento global estimado em cerca de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais. Esse anúncio ocorre em meio a uma “cacofonia ensurdecedora” de recordes climáticos sendo quebrados, conforme destaca o relatório provisório da OMM sobre o estado do clima global.
O documento aponta que o ano de 2023 superará significativamente o recorde anterior, estabelecido em 2016, quando o planeta registrou uma temperatura cerca de 1,2°C mais alta do que a média pré-industrial. O observatório climático europeu Copernicus já havia previsto esse recorde, abrangendo um período de 125 mil anos.
António Guterres ressaltou os impactos já visíveis, como incêndios, inundações e temperaturas extremas afetando comunidades globalmente. O secretário-geral da OMM, Peterri Taalas, complementou, mencionando recordes em níveis de gases de efeito estufa, temperaturas globais, aumento do nível do mar e mínima extensão do gelo marinho da Antártica.
Durante a abertura da COP28, Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC), instou a comunidade internacional a sinalizar o “declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis”. Já o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, defendeu a inclusão do “papel dos combustíveis fósseis” no acordo final.
Embora o relatório da OMM alerte para um cenário preocupante, os cientistas indicam que ainda não ultrapassamos o limite de aquecimento de longo prazo de 1,5°C, estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015. Entretanto, a prévia assustadora oferecida pelo ano de 1,4°C destaca os desafios iminentes.
O relatório também aponta para possíveis agravamentos no próximo ano, com os impactos do El Niño atingindo o pico e elevando as temperaturas em 2024.