O Instituto Butantan, em São Paulo, está atualmente empenhado no desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus, responsável pela microcefalia em recém-nascidos de mães infectadas durante a gravidez. Estudos preliminares indicam que a formulação já demonstrou capacidade de gerar anticorpos neutralizantes contra o vírus. A previsão é que os testes pré-clínicos, que visam avaliar a segurança e possíveis reações adversas, tenham início em agosto de 2024.
A abordagem tecnológica adotada envolve o uso do vírus inativado para estimular o sistema imunológico. De acordo com o instituto, essa plataforma é considerada a mais segura para aplicação em gestantes. Renato Mancini Astray, um dos responsáveis pelo projeto, destaca a importância de garantir um alto perfil de segurança, especialmente devido ao público-alvo principal serem mulheres grávidas.
Ao longo dos anos, mais de 60 composições diferentes foram testadas até que os pesquisadores chegassem a duas formulações adequadas. Atualmente, os cientistas estão concentrados na versão final que será submetida a estudos pré-clínicos.
O projeto teve início em 2015, quando o Brasil declarou emergência de saúde pública devido à epidemia do zika vírus. Contudo, os estudos foram interrompidos em 2020 devido ao redirecionamento dos esforços das equipes de virologia para a covid-19.
Apesar da melhora na situação epidemiológica do zika no país, os pesquisadores enfrentarão o desafio de realizar os testes clínicos de eficácia (fase 3) apenas quando houver circulação do vírus. Isso se deve ao fato de que esses testes avaliam se as pessoas vacinadas adoecem menos que as não vacinadas.
O Instituto Butantan ressalta o potencial impacto econômico da vacina. O tratamento mínimo para uma criança com microcefalia custa R$ 493,00 por mês, e uma unidade de saúde especializada nesse atendimento tem um custo anual estimado de R$ 872 mil. Em 2015 e 2016, a crise sanitária relacionada ao zika vírus teve um custo para a saúde pública de R$ 4,6 bilhões no Brasil e possivelmente até US$ 18 bilhões em toda a América Latina, de acordo com a ONU.
