Com a indicação do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) como pré-candidato à Prefeitura do Rio, novos atritos surgiram entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A disputa agora se concentra na escolha do vice na chapa bolsonarista, travando um cabo de guerra entre o senador Flávio (PL-RJ) e o vereador Carlos (Republicanos).
Michelle, que é presidente nacional do PL Mulher, advoga pela seleção da deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ) como vice, visando formar uma chapa pura para o Executivo carioca. Tonietto tem participado ativamente das agendas da ex-primeira-dama, que a destacou como coprotagonista em um evento realizado no final de novembro no Rio.
Os filhos do ex-presidente, por sua vez, defendem a concessão da vaga de vice a algum dos partidos que integram a aliança em torno de Ramagem, com a União Brasil e o MDB reivindicando a posição.
Aliados de Flávio afirmam que uma chapa mista tornaria a candidatura de Ramagem mais competitiva contra o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), favorito à reeleição. Projeções indicam que, ao se unir a outras legendas, o desempenho de Ramagem nas eleições de 2024 pode atingir entre 25% a 30% das intenções de voto.
Há preocupações de que uma chapa pura do PL, se Paes aliar-se ao PT, nacionalize a disputa, recriando o embate entre Bolsonaro e o presidente Lula (PT). No entanto, as eleições municipais no Rio costumam ter um foco mais local, concentrando-se na avaliação dos gestores da cidade.
Os filhos de Bolsonaro buscam uma chapa mista, sendo a União Brasil o partido favorito até o momento para ocupar a posição de vice. Flávio coordena a campanha de Ramagem e não deseja arriscar a eleição de 2024 para atender às demandas da madrasta. Carlos, outro fiador da candidatura de Ramagem, também compartilha desse sentimento.
A ala ligada a Michelle não cede facilmente à indicação de vice. Eles acreditam que a inclusão de Tonietto atrairia o eleitorado feminino, um dos pontos fracos da campanha de Bolsonaro à reeleição, além de ser uma demonstração de força política dentro do partido para Michelle.
Desde que assumiu a presidência nacional do PL Mulher, Michelle tem emergido como uma figura política, saindo da sombra de seu marido. Treinada pela equipe do marqueteiro Duda Lima, ela tem se destacado em discursos públicos, sendo elogiada por seu desempenho em um evento recente no Rio.
A ex-primeira-dama já participou de 15 convenções estaduais do PL Mulher neste ano e fará a 16ª no próximo sábado no Paraná, onde seu nome é cogitado para concorrer a uma vaga ao Senado caso o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro tenha seu mandato cassado.
Os filhos de Bolsonaro, Flávio e Carlos, não demonstram apoiar a ascensão de Michelle, evitando comparecer às agendas promovidas por ela. No evento no Rio, Jair Bolsonaro participou brevemente, mas Flávio e Carlos optaram por não comparecer, alimentando a tensão familiar.