O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou críticas nesta sexta-feira, 15, ao discurso do presidente Luiz Lula Inácio da Silva, que comemorou ter “colocado um comunista no STF” ao referir-se à aprovação de Flávio Dino para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante uma fala na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), onde recebeu o título de cidadão honorário do Estado, Bolsonaro comparou as palavras de Lula ao discurso do ex-ditador Fidel Castro ao assumir o governo de Cuba em 1959. O ex-presidente destacou a semelhança entre as abordagens, afirmando que “exatamente igual ao tratado aqui no momento. Os caras sempre lutam pelo poder.”
Na última quinta-feira, 14, durante a abertura da 4ª Conferência Nacional de Juventude em Brasília, Lula mencionou pela primeira vez ter indicado um “comunista” para o STF. Flávio Dino, atualmente filiado ao PSB, lançou-se na política como candidato a deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e é reconhecido como “comunista,” embora sinalize uma interpretação diferente do termo.
Bolsonaro aproveitou a ocasião para abordar questões relacionadas ao seu governo, defendendo suas posições durante a pandemia de covid-19 e criticando o Judiciário e a gestão de Lula. O ex-presidente afirmou que “não dá para comparar Paulo Guedes com (Fernando) Haddad” e criticou o número de ministros no governo atual, alegando que “38 ministérios. Nem ele (Lula) sabe o nome de uma dúzia.”
O ex-presidente também mencionou pautas caras aos seus apoiadores, ressaltando que enquanto estava no cargo, questões como a liberação do aborto, da maconha, a relativização da propriedade privada e o marco temporal não eram colocadas em prática. Ele criticou essas medidas que foram pautadas no STF pela ministra Rosa Weber antes de sua aposentadoria.
Em um ataque ao Judiciário, Bolsonaro destacou que enfrentou “momentos difíceis” durante seu mandato, mas argumentou que aqueles condenados a longas penas em Brasília sofrem mais, chamando tal situação de “covardia.” Nos últimos meses, o STF tem condenado bolsonaristas envolvidos nos atos de 8 de janeiro e no ataque às sedes dos Três Poderes.
Na cerimônia na Alep, o senador Sérgio Moro foi vaiado, sendo descrito pelo deputado estadual Ricardo Arruda (PL) como uma “página virada da história do Paraná.” Moro, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, teve um relacionamento oscilante com bolsonaristas e, recentemente, foi flagrado abraçando Flávio Dino durante sua sabatina no Senado Federal.
O evento ainda destacou o deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP) e o ex-deputado federal Paulo Martins (PL) como “pré-candidato ao Senado” e “futuro senador,” respectivamente. Ambos são cogitados para uma eleição suplementar, caso o mandato de Moro seja cassado por alegações de abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral do ano passado.