Mais de um ano após a eleição considerada a mais acirrada da história do Brasil, a polarização política continua presente entre os eleitores do país. Segundo uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta terça-feira, 19 de dezembro de 2023, nove em cada dez entrevistados afirmam manter convicção no voto que fizeram nas eleições de 2022, enquanto apenas 8% dizem não terem feito a melhor escolha. Os índices permanecem estáveis, dentro da margem de erro, em comparação com o último levantamento do instituto, realizado em setembro deste ano.
A pesquisa, realizada no dia 5 de dezembro, contou com a participação de 2.004 pessoas em 135 cidades de todo o país, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos. Em relação aos candidatos, 9% dos entrevistados declararam ter se arrependido do voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 7% expressaram o mesmo sentimento em relação a Jair Bolsonaro (PL).
O governo Lula tem sinalizado uma tentativa de diminuir a polarização, buscando atrair eleitores de Bolsonaro. Essa estratégia pode ser observada em vídeos da campanha publicitária “O Brasil é um só povo”, como na propaganda da Farmácia Popular, em que uma atriz veste a camisa verde e amarela, associada aos apoiadores de Bolsonaro, e tem acesso aos medicamentos.
Apesar disso, ainda existem estímulos à polarização por parte do presidente. Em uma reunião do diretório nacional do PT no último dia 8, Lula destacou a disputa entre ele e Bolsonaro, afirmando que, na eleição, se os adversários latirem, os petistas devem latir de volta.
Eleitores mantêm convicção: A confiabilidade dos eleitores em relação às suas preferências eleitorais permanece elevada: 43% dos entrevistados afirmam confiar hoje em seu candidato tanto quanto no dia da eleição, 38% dizem confiar ainda mais, e 18% afirmam confiar menos no candidato do que em 2022.
Um ano após a eleição, a convicção do eleitorado em relação aos seus candidatos permanece praticamente inalterada: 30% se declaram petistas, enquanto 25% se identificam como bolsonaristas. Esses índices são equivalentes aos registrados pelo instituto em dezembro do ano passado, logo após as eleições.
Eleição acirrada: A eleição de 2022 foi considerada a mais acirrada da história, na qual Lula derrotou Bolsonaro, então candidato à reeleição, com uma margem de 2,1 milhões de votos, ou 1,8%. O placar final foi de 50,9% a 49,1% dos votos válidos, marcando a vitória eleitoral mais acirrada desde a redemocratização do país. Antes disso, o recorde estava na eleição de 2014, em que Dilma Rousseff (PT) derrotou Aécio Neves (PSDB) com uma margem de 3,28%.