Com a celebração do Carnaval em pleno andamento, o consumo de bebidas alcoólicas atinge níveis elevados. Em meio à busca por energia para acompanhar a folia, é comum a combinação de energético com álcool. Contudo, quais são os riscos associados a essa prática?
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que essa mistura pode resultar em episódios de binge drinking, aumentando os casos de dependência alcoólica. Os dados indicam que as chances de vício triplicam em pessoas que frequentemente misturam álcool e energético.
A quantidade consumida nesse contexto equivale a pelo menos 60g de álcool puro em um período de até 2 horas, o que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), corresponde a cinco ou seis doses de álcool. Maria Lúcia Oliveira de Souza Formigoni, professora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, destaca que a combinação prolonga os efeitos estimulantes do álcool.
“O energético mascara essa sensação de sono, e o indivíduo fica em alerta, proporcionando uma falsa impressão de que não está tão embriagado, o que pode levar a um consumo ainda maior de bebidas alcoólicas”, explica a pesquisadora.
Risco para o coração
Daniel Setta, coordenador da Linha de Cuidado de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) do Hospital Pró-Cardíaco, alerta que a mistura de bebida alcoólica com energético pode impactar diretamente na saúde cardiovascular. Uma lata de energético contém em média 70mg de cafeína, equivalente a três ou quatro xícaras de café, podendo levar à liberação de adrenalina e noradrenalina.
Esses efeitos podem resultar no aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, causando espasmos nos vasos sanguíneos do coração, o que, segundo o médico, pode resultar em um infarto agudo do miocárdio. Portadores de cardiopatias apresentam riscos ainda mais elevados, podendo enfrentar desidratação, alterações de comportamento, tonturas, vertigens, coma, arritmias, infarto e insuficiência cardíaca.