Pajé, xamã e cacique são termos frequentemente utilizados como sinônimos, gerando confusão. O escritor e ativista Daniel Munduruku, em um vídeo compartilhado em seu perfil no Instagram, destaca que essa confusão não é totalmente equivocada, variando de acordo com o contexto.
“Xamã é uma designação universal dada aos sábios espirituais indígenas em todo o mundo”, explica Munduruku, enfatizando seu uso por antropólogos para se referirem aos conhecedores da espiritualidade. Por outro lado, “pajé” é um termo mais doméstico, nacional, desempenhando um papel semelhante ao de um sacerdote em outras tradições espirituais. O pajé atua como uma ponte entre o mundo espiritual e material, sendo crucial na transmissão das tradições.
Munduruku esclarece que nem todo sábio é um pajé, já que essa designação requer passar por um longo, doloroso e solitário ritual de iniciação, sendo um guardião das práticas espirituais do povo. A influenciadora Ysani, indígena da etnia Kalapalo, complementa, comparando o papel do pajé ao de um médico, responsável pela cura física e espiritual dos indígenas.
Quanto ao cacique, definido como “chefe indígena” pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), Ysani, em seu canal no Youtube, destaca sua natureza mais política. Equiparando o cacique a um prefeito, ela explica que, em uma estrutura hierarquizada, o cacique detém o maior poder decisório dentro da comunidade, contando com conselheiros para a gestão.
Essas distinções ressaltam a importância de compreender as especificidades de cada termo na rica tapeçaria da espiritualidade indígena.