Ele faz ponto no Hospital 28 de Agosto e diz que já se acostumou com choros e despedidas no local.
Taxistas e ambulantes que trabalham do lado de fora do Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, unidade de referência para o tratamento da Covid-19 em Manaus, afirmam que, apesar do medo de se infectarem, tentam manter as atividades. Eles sabem que o trabalho é arriscado, mas também necessário para manter o sustento para as famílias.
O taxista Antônio Mendes, de 59 anos, trabalha em frente ao hospital há 26 anos. Ele considera a pandemia um dos episódios mais tristes já vistos e vividos por quem trabalha no local. No entanto, mesmo assim, ele faz ponto de segunda a segunda, tentando manter a renda familiar.
“É uma situação difícil, né? Tanto para a gente, quanto para quem está aqui direto, internado. A gente tem medo, mas é preciso trabalhar. Ainda mais eu que trabalho com o carro alugado. No final da semana, o dono do carro quer a renda da semana e eu preciso ter dinheiro para pagar, né?”
Antônio também falou que já se acostumou com o local. Choros são comuns e as despedidas já viraram rotina.
“Perdi as contas de quantas pessoas se desesperaram aqui na frente. Chega um momento em que a gente aprende a se acostumar. Gente chorando, se desesperando é o que mais a gente vê “.
Um vendedor ambulante que também trabalha em frente ao hospital, mas que não quis ser identificado, falou que espera uma definição por parte do Governo sobre a atividade. Segundo ele, se o comércio for proibido, vai viver de uma reserva econômica que fez nos últimos anos.
“Se vier a ordem para gente fechar, a gente tem que obedecer. Fazer o quê, né? Quando liberar, a gente volta. Se é para o nosso bem, para o bem da saúde das pessoas, temos que seguir. É uma situação triste, a gente tem medo, mas precisamos. Agora, sobreviver ao fechamento é só para quem guardou uma reserva. É preciso”, desabafou.
Nesta semana, o auxílio emergencial deixou de ser pago a 3,2 milhões de pessoas. Até o momento, não há qualquer indicação de que haverá um novo auxílio em 2021 ou lançamento de um novo programa social.
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Pessoas se aglomeram na porta do hospital 28 de Agosto, em Manaus — Foto: Eliana Nascimento
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