Em outubro deste ano, o Governo do Amazonas decidiu nomear o irmão do narcotraficante internacional Sérgio Roberto Obando, 49 anos, Lanalbert Nunes Obando, de 43, para o cargo de gerente na Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai). A informação foi divulgada nesta segunda-feira (11/12) pelo site Metrópoles.
O órgão é vinculado diretamente a Secretaria de Segurança Pública (SSP/AM) comandada pelo coronel da Polícia Militar, Marcos Vinícius de Almeida, desde início de setembro deste ano. O militar assumiu o cargo com a demissão do general do Exército, Carlos Mansur, preso durante operação da Polícia Federal no dia 29 de agosto por suspeita de extorsão.
Em dois meses, Lanalbert Nunes Obando cuidou de informações sigilosas de investigações policiais e da defesa da população, como investigações de crimes contra a vida e o patrimônio público, tráfico de drogas, crime organizado, crimes ambientais, sistema prisional. Atua também na investigação em qualquer órgão público do estado.
Nos corredores do palácio da Compensa, zona Oeste, a informações de que o governador Wilson Lima (UB) sabia do parentesco dos irmãos Lanalbart e Sérgio Obando, mas teria sido convencido pelo secretário da SSP/AM a contrata-lo por conta da sua confiança. O servidor foi exonerado na noite desta segunda-feira (11/12) duas horas após o Metrópoles pedir esclarecimentos sobre o caso à pasta (leia a nota completa no fim do texto).
Sérgio Obando é bem conhecido na região amazonense. De acordo com a Polícia Federal (PF), o irmão de Lanalbert é apontado como integrante de uma organização criminosa que comandava o tráfico transnacional de drogas na região da tríplice fronteira, entre Brasil, Colômbia e Peru.
Os entorpecentes ajudavam a abastecer o mercado ilegal das duas principais facções do país.
Em 2011, Sérgio e outras 35 pessoas foram presos por agentes da PF durante a Operação Ilhas. Com eles, os policiais apreenderam cerca de uma tonelada e meia de cocaína, além de 150 mil em espécie. O criminoso foi preso novamente em outubro de 2017, pela equipe do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), com 400 quilos de entorpecentes, avaliados em R$ 2 milhões.
No ano de 2019, a Polícia Civil do Amazonas (PCAM) cumpriu mandado de prisão em razão de sentença condenatória por tráfico de drogas contra o homem. O criminoso cumpria pena em prisão domiciliar há dois anos, depois de ser submetido a um procedimento cirúrgico, mas a decisão foi revogada e o narcotraficante foi reconduzido à prisão. Recentemente, Sérgio deu entrada e está no Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM 1), cerca de 14 dias antes do irmão assumir o cargo no governo.
Lanalbert Nunes Obando é irmão do narcotraficante por parte de pai. Antes de ingressar na Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência, ele foi gerente operacional da Unidade Prisional do Puraquequara, também nomeado pelo secretário da SSP/AM quando Vinícius Almeida respondia pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).
Nota do governo
O site de notícias entrou em contato com o governo do estado para ter acesso a um posicionamento sobre o assunto. Cerca de duas horas após receber a mensagem da reportagem, foi enviado uma nota.
“A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP) informa que após tomar conhecimento do parentesco por meio da reportagem, o secretário de Segurança exonerou imediatamente o servidor em questão e o chefe do setor, responsável pela indicação ao cargo. A SSP vai apurar as circunstâncias da nomeação”, disse o órgão.
https://diario.imprensaoficial.am.gov.br/portal/visualizacoes/pdf/17329#/p:9/e:17329?find=Lanalbert%20Nunes