Golpistas têm se aproveitado do Pix para enganar pessoas nas redes sociais, oferecendo dinheiro fácil em troca de tarefas simples. Esse golpe, conhecido como “golpe da renda extra,” também é chamado de “golpe das pequenas tarefas” ou “golpe dos R$ 20”. Embora não seja uma prática nova, é importante ficar alerta para não cair nessa armadilha virtual.
Os criminosos abordam suas vítimas pelo WhatsApp, afirmando serem representantes de empresas que oferecem serviços de avaliação e curtidas em plataformas como TikTok ou avaliação de estabelecimentos no Google. Quando a vítima demonstra interesse na proposta, ela é levada para grupos no Telegram, que costumam ter milhares de membros e relatos falsos de sucesso.
Dentro desses grupos, a vítima começa a receber pedidos dos golpistas. As tarefas incluem curtir vídeos, seguir perfis e avaliar estabelecimentos. Em troca, os usuários são prometidos com valores que variam entre R$ 10 e R$ 20, após concluírem um determinado número de tarefas.
No entanto, a situação toma um rumo perigoso quando os criminosos solicitam um “investimento” para continuar participando. Os valores exigidos podem variar de R$ 120 a R$ 1.000, com promessas de retorno que vão de 30% a 100% sobre o valor investido, de acordo com uma das vítimas entrevistadas. Assim que a vítima transfere o dinheiro via Pix, ela perde o contato com o grupo e é bloqueada pelos administradores.
Luiz D’Urso, advogado especializado em direito digital, explica que os criminosos obtêm os números de telefone das vítimas em bancos de dados expostos. Eles selecionam aleatoriamente alguns números e enviam mensagens, explorando a vulnerabilidade das pessoas.
Um auxiliar de escritório de 27 anos, que preferiu não se identificar, relatou ter sido contatado por supostos representantes de uma empresa chamada Nustream, que se autodenominava “especialista em criptomoedas”. Ele foi adicionado a um grupo no Telegram com mais de 2.000 membros, todos robôs. Inicialmente, ele realizou tarefas simples em troca de pequenas quantias, variando entre R$ 10 e R$ 16.
No entanto, após completar algumas tarefas, os pedidos de “investimentos” começaram. Ele acabou transferindo R$ 1.728 para os golpistas e foi alertado de que perderia todo o dinheiro caso não concluísse uma última tarefa. Pressionado, foi solicitado um novo investimento, desta vez no valor de R$ 2.800. Sem recursos, ele foi removido do grupo, registrou um boletim de ocorrência e uma reclamação contra o banco que recebeu o dinheiro.
Se você cair em um golpe semelhante, saiba que é possível solicitar o estorno de um Pix realizado por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado pelo Banco Central. Não é necessário fazer um boletim de ocorrência, basta entrar em contato com o banco por telefone ou pelo chat do aplicativo e relatar o ocorrido. Após análise, o valor será bloqueado e devolvido em até 96 horas após a confirmação do golpe.
Luiz D’Urso recomenda que as vítimas comuniquem imediatamente os bancos envolvidos, tanto o banco de origem quanto o banco destinatário dos valores. Os bancos têm a responsabilidade de ressarcir os consumidores, especialmente pela falta de segurança na detecção dessas fraudes no sistema bancário.
Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ressalta a importância de registrar reclamações não apenas contra as instituições financeiras, mas também contra as empresas responsáveis pelas redes sociais. É fundamental que as empresas monitorem e rastreiem essas falsas empresas e contas criadas para perpetuar essas fraudes.
É importante lembrar que, em qualquer situação, é crucial desconfiar de oportunidades que prometem ganhar dinheiro facilmente. Esse tipo de fraude sempre existiu e agora migrou para o ambiente digital. Além disso, emitir avaliações falsas sobre estabelecimentos ou produtos é antiético e prejudicial a outros consumidores.
O golpe da renda extra se configura como estelionato e está sujeito às penalidades previstas no artigo 171 do Código Penal, com pena de um a três anos de reclusão.
Portanto, fique atento e proteja-se contra essas armadilhas virtuais que podem comprometer sua segurança financeira.
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