Com a proposta de criar uma estética para alguns seres lendários que fazem parte do folclore amazônico, o artista visual Emerson Munduruku realiza a exposição “Circuito de Esculturas Encantadas” no Largo São Sebastião, no Centro de Manaus. As esculturas estão expostas desde a última quinta-feira (25) e, de acordo com Emerson, vão estar no local até a próxima semana.
Em entrevista ao Portal Em Tempo, Emerson Munduruku disse que levou cerca de três semanas para finalizar as esculturas. Na confecção das obras, o artista visual utilizou materiais orgânicos e manequins.

“Utilizamos folhas, sementes, raízes, madeiras e outros materiais coletados em viagens feitas ao interior do estado. Dentro do ateliê, adaptamos os manequins de acordo com cada ser encantado”, frisou. Emerson teve como assistente de produção, o artista João Danillo e recebeu o apoio da Fundação Sustentável para realizar o circuito.
A exposição faz parte da programação da Virada Sustentável 2019, em Manaus, e conta com a mostra de três esculturas que dão forma às seguintes lendas amazônicas:

“Mãe da mata” – Uma entidade protetora da fauna e da flora que se materializa em forma de mulher para manter o equilíbrio das florestas amazônicas.
“Mapinguari” – De acordo com os povos da Amazônia, é um tipo de macaco peludo, que habita em meio à floresta. Os caboclos contam que se trata de um ser gigante, peludo com um olho na testa e no umbigo.
“Cobra Boiuna”- É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. A cobra cresce de forma gigantesca e abandona a floresta, passando a habitar a parte profunda dos rios da região.

O artista conta que as obras foram inspiradas a partir da personagem Uýra Sodoma, uma drag queen considerada uma entidade que expressa o híbrido entre a cidade e a floresta. A personagem também faz parte da Virada Cultural e é interpretada por Emerson. Ele acrescenta, ainda, que é a primeira vez que realiza a exposição de esculturas.
“Busco apresentar em esculturas símbolos da floresta, os quais as pessoas só sabem o nome. Consigo reproduzir, nos manequins, um efeito diferente do que faço na minha pele”, frisou Emerson.
O artista também explicou que ao lado de cada escultura há uma breve história que contextualiza as imagens, além da ficha técnica que contém informações dos responsáveis pela exposição.

Emerson frisou que durante o primeiro dia de exposição, o público foi receptivo e as pessoas do interior do estado demonstraram identificação com as esculturas.
“Muitas pessoas fizeram selfies e as crianças interagiram bastante. O circuito provocou toda uma memória de conhecimento tradicional nas pessoas do interior, que desperta o interesse das novas gerações sobre a cultura regional”, concluiu o artista.
Por Izaias Godinho/Em Tempo
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