Há cerca de duas semanas, Diego Torres, assessor especial de Tarcísio de Freitas, entregou seu cargo ao governador de São Paulo. A razão por trás desse pedido de demissão estava relacionada à recusa de integrantes do Palácio dos Bandeirantes em acatar indicações políticas feitas por deputados estaduais. No entanto, ele foi convencido a permanecer em seu posto após receber a promessa de que a situação mudaria e os parlamentares passariam a ser contemplados.
Diego Torres se tornou uma figura influente na Assembleia Legislativa (Alesp), desempenhando o papel de intermediário entre os deputados e o governador Tarcísio de Freitas. Ele conquistou o respeito da base política e passou a ser o responsável por apresentar as demandas dos deputados, especialmente aquelas relacionadas à nomeação de aliados para cargos no Executivo.
No entanto, suas solicitações muitas vezes não eram atendidas pelos secretários do governo. Torres começou a expressar a frustração de que seu trabalho não estava surtindo efeito e considerou deixar seu cargo devido ao cansaço. Em suas conversas, ele costumava fazer comparações entre a gestão de Tarcísio e a de seu cunhado, Jair Bolsonaro, no governo federal.
Diego Torres já havia atuado como assessor parlamentar na Primeira Secretaria do Senado em 2021, sob o comando de Irajá Abreu, filho da ex-senadora Kátia Abreu. Além disso, ele possui uma carreira militar na Força Aérea Brasileira (FAB) e atuou como assessor técnico do Ministério da Defesa por seis anos.
Nas últimas semanas, alguns membros do entorno de Tarcísio atribuíram as recentes derrotas na Alesp à falta de envolvimento dos partidos no governo. Em um episódio recente, o governo não conseguiu obter quórum para aprovar um projeto que aumentaria as taxas processuais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Apesar de o texto ter sido proposto pela própria Corte, o Palácio dos Bandeirantes o apoiou e sua aprovação só ocorreu dias depois.
Tarcísio de Freitas tem planos ambiciosos para este ano, incluindo projetos sensíveis, como a redução do orçamento obrigatório da Educação em 5%, com realocação desses recursos para a Saúde. Além disso, a reforma administrativa é uma pauta prioritária que poderá eliminar até 10 mil cargos comissionados e estabelecer novas normas para a remuneração de servidores.
Alguns deputados da base elogiaram a atuação de Diego Torres, destacando também sua boa relação com o secretário da Casa Civil, Arthur Lima. Atualmente, eles trabalham juntos com regularidade e discutem estratégias para lidar com a Alesp. O secretário de Governo, Gilberto Kassab, também costuma se encontrar com o assessor para trocar informações sobre a relação com o Legislativo paulista.
Diego Torres, ao ser procurado, optou por não comentar a situação. O governo negou que tenha ocorrido um pedido de demissão e afirmou que não há desconforto em relação aos cargos de Torres.