A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro fez uma descoberta surpreendente: auxiliares de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram apagar mais de 17 mil e-mails de suas contas de trabalho, porém, deixaram inadvertidamente os conteúdos nas lixeiras eletrônicas. Essa falha de exclusão permitiu que o colegiado tivesse acesso a mensagens que agora estão no centro da atenção.
Entre os e-mails recuperados da lixeira da conta de Mauro Cid, destaca-se uma tentativa de venda de um relógio Rolex por US$ 60 mil, equivalente a R$ 300 mil. As trocas de mensagens foram mantidas com Maria Farani, ex-assessora do gabinete da Presidência. De acordo com os textos, o relógio teria sido recebido durante uma viagem oficial.
Além disso, foi encontrado um discurso de reconhecimento de derrota redigido pelo ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria, no qual Bolsonaro admitiria o resultado das eleições presidenciais de outubro. Curiosamente, o ex-presidente nunca chegou a ler o texto. Essas informações, inicialmente divulgadas pelo G1 e pela TV Globo, foram posteriormente confirmadas pelo Estadão.
Na lixeira de Osmar Crivelatti, hoje servidor de apoio do ex-presidente, emergiu uma mensagem eletrônica que atestava a existência de pedras preciosas recebidas por Bolsonaro durante uma viagem de campanha para reeleição na cidade de Teófilo Otoni, em outubro de 2022. Essa comunicação indicava que os itens não foram oficialmente cadastrados no acervo da Presidência e seriam destinados ao ex-presidente e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Diante dessas descobertas, os membros da CPMI solicitaram ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Procuradoria Geral da República (PGR) que investiguem se Bolsonaro e Michelle de fato receberam as pedras preciosas e se a instrução para não cadastrá-las poderia ser considerada uma ação de improbidade administrativa.
Chama a atenção o fato de que Danilo Calhares, ajudante de ordens que ingressou na equipe de Bolsonaro no final de 2020, foi o único a excluir permanentemente os e-mails. Segundo informações fornecidas pelos integrantes da CPMI, o primeiro e-mail presente em sua caixa de entrada é de novembro de 2022.
Essa recente revelação coloca em foco a gestão passada e suscita questionamentos sobre a transparência das ações dos auxiliares e a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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