Em um feito inédito, um avião da Virgin Atlantic decolou do Aeroporto de Heathrow, em Londres, utilizando combustíveis sustentáveis como óleo de cozinha usado e gorduras animais. O voo, que aterrissou no Aeroporto J.F. Kennedy, em Nova York, oito horas depois, representa a primeira vez que uma companhia aérea comercial realiza um voo de longa distância totalmente movido por combustíveis de aviação sustentáveis (SAF). Este tipo de combustível emite significativamente menos carbono em seu ciclo de vida em comparação com os combustíveis de aviação tradicionais.
O Boeing 787 Dreamliner, operado pela Virgin Atlantic e não transportando passageiros pagantes, partiu às 08h49 (horário do Brasil) com a presença de Richard Branson, o executivo-chefe da Virgin Atlantic, Shai Weiss, e o ministro dos transportes da Grã-Bretanha, Mark Harper. O voo, abastecido com 50 toneladas de SAF, aterrissou em Nova York às 16h05, superando o horário previsto em 35 minutos, sendo recebido pela vice-secretária de transportes dos EUA, Polly Trottenberg, entre outros.
Anteriormente, regulamentações permitiam o uso de até 50% de combustível ecológico nas aeronaves. No entanto, para este voo, a Virgin Atlantic obteve aprovação para abastecer o Boeing 787 com 100% de SAF. Apesar de o tubo de escape ainda liberar a mesma quantidade de CO₂ que o combustível de aviação normal, as emissões líquidas do voo operado com produtos residuais são estimadas em cerca de 70% menores do que uma viagem normal sobre o Atlântico usando combustível fóssil.
O setor de aviação vê esse voo como um marco em seus esforços para descarbonizar. Atualmente, os SAF representam menos de 0,1% do volume global de combustível de aviação. Richard Branson expressou satisfação com o feito, destacando que, embora muitos duvidassem da possibilidade de um avião voar com combustíveis sustentáveis para atravessar o Atlântico, esse evento prova o contrário. No entanto, Branson admite que há muito trabalho a ser feito.
O setor de aviação busca o uso de novos combustíveis para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2050, mas críticos argumentam que a redução genuína das emissões de CO2 requer voos menos frequentes. As viagens aéreas contribuem com aproximadamente 5% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Shai Weiss, presidente-executivo da Virgin Atlantic, afirmou que o voo da companhia está provando a viabilidade do uso de combustível de aviação sustentável, sendo o único caminho para descarbonizar voos de longa distância. No entanto, ele reconhece a escassez atual de SAF e o fato de que os preços dos voos podem aumentar devido ao custo mais elevado desse tipo de combustível.
O voo da Virgin Atlantic recebeu aprovação da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido após testes e análises. Diversas empresas, incluindo a fabricante de motores Rolls-Royce e a gigante de energia BP, estiveram envolvidas no projeto.