O maior preço por metro quadrado entre os imóveis residenciais no Brasil não se encontra em São Paulo ou Rio de Janeiro, como muitos poderiam supor. Na verdade, as duas maiores cidades do país não integram nem mesmo o pódio, que é composto, respectivamente, por Balneário Camboriú (SC), Itapema (SC) e Vitória (ES). A capital paulista ocupa a quarta posição, seguida por Florianópolis, Itajaí e Rio de Janeiro, conforme apontado pelo ranking de julho deste ano, elaborado pela FipeZAP+.
Enquanto o preço médio por metro quadrado dos imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro atinge R$ 10.549 e R$ 9.926, respectivamente, Balneário Camboriú se destaca com uma liderança folgada, apresentando um preço médio de R$ 12.335.
Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam que diversos fatores contribuem para a elevação dos preços na cidade, um renomado destino turístico frequentado por celebridades como Neymar. O desenvolvimento da região, a acessibilidade proporcionada por estradas e aeroportos, bem como a alta demanda por apartamentos, contribuem para essa tendência.
Fernando de Mello Franco, professor da FAU Mackenzie e ex-secretário Municipal de Planejamento Urbano de São Paulo, destaca que os preços elevados dos imóveis na região litorânea de Santa Catarina estão associados a elementos que vão além da simples oferta e demanda habitacional. Ele enfatiza que a valorização do metro quadrado em Balneário Camboriú não é apenas resultado da procura por moradia, mas também é influenciada pelo apelo turístico da cidade e pelos investimentos em sua expansão, como o alargamento da praia.
Um exemplo marcante desse crescimento é o empreendimento One Tower, um edifício residencial lançado pela renomada construtora FG Empreendimentos, que conta com a participação do ícone do futebol português, Cristiano Ronaldo. Com 290 metros de altura e 84 andares, o edifício tornou-se o mais alto da América Latina desde seu lançamento em dezembro do ano anterior, com cada apartamento vendido por cerca de R$ 15 milhões.
Embora o One Tower seja impressionante, ele não é o empreendimento mais caro na região atualmente. A própria FG Empreendimentos oferece imóveis à venda por valores de até R$ 65 milhões. Terrenos e apartamentos prontos também são comercializados a preços que variam entre R$ 8 milhões e R$ 120 milhões.
A valorização das cidades fora do eixo Rio-São Paulo no ranking da FipeZAP+ reflete a diversidade de opções de casas e apartamentos disponíveis nessas localidades. Cyro Naufel, diretor institucional do Grupo Lopes, explica que a média de preços dessas cidades é influenciada pela variedade de ofertas, resultando em uma média mais alta, apesar de serem centros urbanos menores.
Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), destaca que cidades com desenvolvimento econômico robusto criam uma espiral de demanda e valorização do metro quadrado, impulsionada pela diversificação econômica e oportunidades de emprego. Com base no índice FipeZAP, que avalia 50 cidades no país, o preço médio dos imóveis residenciais teve um aumento de 5,61% nos últimos 12 meses até junho.
Diante da trajetória de queda das taxas de juros no país, espera-se que os preços dos imóveis continuem subindo ou se estabilizem nos próximos meses. Especialistas apontam que embora possa haver espaço para aumentos, a melhora na renda dos compradores será fundamental para manter a liquidez das vendas.
Enquanto as grandes cidades brasileiras seguem uma tendência de investir em imóveis como forma de ganhar com aluguel, Balneário Camboriú apresenta uma mudança de cenário. A proporção de investidores para moradores tem se equilibrado nos últimos anos, com mais pessoas utilizando os imóveis para moradia, especialmente após a pandemia.
Comments 7