Menos de um mês após afirmar que já possuía recursos suficientes para quitar todas as multas de processos judiciais e possíveis novas punições, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve revelada uma movimentação de R$ 17,2 milhões em sua conta via Pix durante o primeiro semestre deste ano, conforme aponta um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As transações somaram mais de 769 mil operações bancárias no período entre 1º de janeiro e 4 de julho. A arrecadação ocorreu por meio de uma “vaquinha” virtual, na qual fontes próximas ao ex-chefe de Estado confirmam os valores.
O atual presidente de honra do PL, Bolsonaro, possui um salário de R$ 39 mil, além de receber aposentadoria do Exército e da Câmara dos Deputados, totalizando mais de R$ 75 mil em rendimentos mensais. Na tentativa de auxiliar no pagamento das multas judiciais, diversas personalidades contribuíram com doações via Pix, incluindo Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que transferiu R$ 10 para o ex-presidente e publicou o comprovante da operação em uma rede social em junho.
Outros parlamentares, como os deputados federais André Fernandes (PL-CE) e Gustavo Gayer (PL-GO), também efetuaram transferências em solidariedade a Bolsonaro. Fernandes doou R$ 22, número de cédula de Bolsonaro no ano passado, enquanto Gayer repassou R$ 50. Ambos defenderam que o ex-presidente é alvo de “assédio judicial” e precisa de apoio para enfrentar “diversas multas em processos absurdos”.
A mobilização em favor de Bolsonaro teve início em junho, quando deputados e influenciadores conduziram uma campanha de arrecadação de recursos para ajudá-lo a quitar as multas judiciais. A Justiça de São Paulo havia bloqueado mais de R$ 500 mil nas contas do ex-presidente em razão do descumprimento das regras sanitárias impostas durante a pandemia da Covid-19, referentes ao uso de máscaras. Atualmente, a dívida de Bolsonaro com o Governo do Estado de São Paulo ultrapassa R$ 1 milhão.
A defesa do ex-presidente, liderada pelo advogado Fabio Wajngarten, negou que a campanha de doações tenha sido iniciativa da equipe de Bolsonaro, porém, Wajngarten publicou em uma rede social a chave do Pix de Bolsonaro, indicando que a conta pertencia ao Banco do Brasil.
O Coaf, responsável por identificar atividades ilícitas relacionadas à lavagem de dinheiro e ocultação de bens, recebeu e examinou as ocorrências das movimentações financeiras mencionadas.