A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro emitiu um comunicado na noite de sexta-feira (11), refutando as alegações de desvio de bens e afirmando que ele está colocando voluntariamente sua movimentação bancária à disposição das autoridades. A declaração vem após mais de 12 horas de silêncio sobre a operação da Polícia Federal relacionada ao caso das joias.
A nota divulgada pela defesa de Bolsonaro também esclarece que o ex-presidente solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) em março deste ano a entrega das joias recebidas, “até a conclusão da decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi cumprido”. Tanto Bolsonaro quanto seus filhos e aliados próximos optaram por não comentar as novidades do caso ao longo do dia.
A Polícia Federal solicitou a quebra de sigilo bancário de Bolsonaro, e a decisão sobre esse pedido ficará a cargo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após a autorização de Moraes, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões em endereços vinculados ao general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
As investigações também envolvem Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, tenente do Exército que atuou na ajudância de ordens da Presidência. A Polícia Federal alega que Lourena Cid esteve envolvido em uma tentativa de comercialização dos presentes recebidos pelo ex-presidente, e que Wassef e Crivelatti estavam envolvidos em uma “operação resgate” para recuperar os artigos que deveriam ser destinados ao estado brasileiro.
Os filhos políticos de Bolsonaro, Flávio, Carlos e Eduardo, não se manifestaram nas redes sociais sobre a ação da Polícia Federal. Tanto Wassef quanto o ex-secretário de Comunicação da gestão Bolsonaro, Fabio Wajngarten, não responderam aos contatos da reportagem.
A nota divulgada pela defesa de Bolsonaro também menciona o advogado Fabio Wajngarten, assim como os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Bettamio Tesser. Wajngarten usou as redes sociais para comentar uma menção ao seu nome no inquérito, mas não abordou a investigação em curso contra o ex-presidente.
A polícia obteve mensagens de março passado em que Wajngarten e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid discutiam a possibilidade de ser cassada uma decisão do ministro Augusto Nardes, do TCU, que permitia a Bolsonaro manter as joias até o desfecho da apuração do caso, desde que não as utilizasse nem as vendesse.
Segundo a Polícia Federal, durante a conversa, Wajngarten sugeriu que a cassação ocorreria e que seria “melhor nos anteciparmos”. Na época, estava em andamento uma operação para recuperar os artigos de luxo que haviam sido levados para os Estados Unidos.
Wajngarten esclareceu: “No diálogo que tive com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid – relatado pela Polícia Federal e divulgado pela imprensa – eu me referi à entrega voluntária das joias ao Tribunal de Contas da União. Quando mencionei a necessidade de ‘antecipar’ a entrega dos objetos, estava me referindo a um envio prévio à Corte, antes de um pedido formal do TCU, que acabou acontecendo.”
Quando o caso das joias veio à tona em março, Bolsonaro negou inicialmente ter solicitado ou recebido qualquer tipo de presente em joias das autoridades da Arábia Saudita. Ele afirmou que, após a retenção dos artigos, a Presidência notificou a alfândega para que as peças fossem destinadas a um acervo.
Em depoimento à Polícia Federal em abril, o ex-presidente declarou ter tomado conhecimento das joias apreendidas na Receita Federal 14 meses após o incidente. Segundo a defesa, Bolsonaro disse que, ao saber do caso em dezembro de 2022, buscou informações para evitar um possível embaraço diplomático caso os presentes fossem a leilão.
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