Em 2019, o Brasil destinou cerca de R$ 1,3 bilhão para lidar com os desafios econômicos diretos e indiretos associados ao câncer de pulmão, de acordo com um estudo recentemente divulgado. Os dados, provenientes do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e abrangendo o período de 2015 a 2019, revelam que aproximadamente 80% dos gastos estão relacionados a óbitos prematuros, acarretando uma perda substancial de produtividade em todo o país.
O câncer de pulmão, embora ocupe o quarto lugar em prevalência no Brasil (ficando atrás apenas do câncer de mama, próstata e cólon/retal), apresenta uma taxa de letalidade significativa. Em 2015, registrou 26,5 mil mortes, aumentando para 29,3 mil em 2019, um crescimento médio de 2,54% ao ano. Por comparação, os cânceres de próstata e mama causaram anualmente menos de 20 mil mortes cada um. Surpreendentemente, os custos indiretos associados ao câncer de pulmão, totalizando R$ 1 bilhão, superam os do câncer de próstata (R$ 800 milhões) e estão próximos aos do câncer de mama (R$ 1,381 bilhão), que também exibe alta taxa de mortalidade.
O estudo, conduzido pelo Insper e patrocinado pela AstraZeneca, teve seus resultados apresentados em um evento realizado nesta segunda-feira (28) no Centro Britânico Brasileiro, na zona oeste de São Paulo. Durante o evento, também foi lançado o primeiro consenso médico para rastreamento do câncer de pulmão no Brasil, desenvolvido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT).
Para avaliar o impacto econômico do câncer de pulmão no Brasil, os pesquisadores utilizaram dados de atendimentos ambulatoriais e hospitalares disponíveis nas plataformas SIH (Sistema de Informações Hospitalares) e SIA (Sistema de Informações Ambulatoriais) do DataSUS, bem como dados de atendimento privado obtidos através da TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar) da ANS. Os custos foram divididos em categorias indiretas (todos os gastos não diretamente ligados à internação ou tratamento da doença) e diretas (custos ambulatoriais, hospitalares e de tratamento).
No ano de 2019, os custos indiretos do câncer de pulmão totalizaram R$ 1,012 bilhão, comparados a R$ 1,381 bilhão para o câncer de mama e R$ 164 milhões para o câncer.
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