Vereadores não concordam com um possível lockdown e confiam nas medidas de prevenção impostas pelos governos Federal, Estadual e Municipal para diminuir a propagação do vírus
Manaus – Após o colapso no sistema de Saúde do estado do Amazonas causado pelo aumento dos casos de covid-19 em Manaus, o prefeito David Almeida (Avante) declarou, nesta semana, que não descarta a possibilidade de lockdown na capital. A afirmação, feita a um programa de televisão nacional, diverge da opinião de vereadores, que não veem a medida como necessária.
Segundo o prefeito, o lockdown só será adotado caso haja extrema necessidade. Com a ampliação dos métodos de tratamento precoce contra o vírus e a abertura de novos leitos para atender os pacientes com covid-19, a expectativa é que se consiga desafogar os hospitais e unidades de saúde.
Além do aumento no número de casos e de sepultamentos no estado, o Amazonas também passa por crise de oxigênio e os hospitais de Manaus estão com taxa de ocupação dos leitos de UTI em 93%.
Ainda na entrevista, Almeida afirmou que, até sábado (16), será possível decidir a necessidade da continuidade das restrições ao comércio não essencial, adotadas pelo Governo do Estado, com vigência até o domingo (17).
“Nesse momento não se faz necessário o lockdown, porém não descarto a possibilidade do mesmo, muito menos da quarentena caso se agrave a situação. O comércio no centro da cidade está 100% (fechado), só que nas áreas periféricas alguns comerciantes ainda insistem em abrir e isso dificulta muito. Com as medidas que estamos tomando esta semana, até o próximo sábado, esses dias serão fundamentais pra que possamos tomar outras medidas nos três níveis de governo, mesmo com abertura de novos leitos”, afirmou o prefeito na entrevista.
De acordo com a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom), David Almeida chegou a cogitar a medida, durante entrevista, caso o número de mortes e internações não diminuam na capital do Amazonas.
Vereadores alinhados
Pelo menos parte do parlamento municipal é contra a medida de confinamento. Para o vereador Amom Mandel (Podemos), com as medidas de enfrentamento ao vírus que estão sendo implantadas nesta semana, em breve será possível pensar em um retorno gradual do comércio e das atividades normais, acompanhando as informações oficiais dos índices de infecção.
“As medidas que estão sendo tomadas são suficientes para um retorno gradual, porém não para eventos de grande porte como o ENEM [Exame Nacional do Ensino Médio]. Além disso, qualquer ação do tipo deve considerar não apenas as medidas adotadas, mas os dados dos boletins da FVS [Fundação de Vigilância de Saúde], por exemplo, que são o que de fato mostram se temos condições ou não. Nesse momento, podemos tocar no assunto e pensar em flexibilizar mais adiante, mas não hoje”, defendeu o vereador.
O vereador Fransuá (PV) também concorda que, no atual cenário, um lockdown não será uma medida necessária e acredita que a população precisa da reabertura do comércio para garantir suas rendas.
“O lockdown é uma medida extrema e no momento ainda desnecessária. O tratamento precoce com distribuição em massa e gratuita de medicamentos, e o aumento da capacidade de leitos podem evitar essa situação a curto prazo e preparar a nossa cidade para a reabertura gradual do comércio. As pessoas precisam de saúde e de trabalho também”, afirmou.
Carpê Andrade (Republicanos) também se posicionou contra um possível lockdown. Apesar de apoiar as medidas que estão sendo realizadas pelo Poder Público para conter a disseminação cada vez maior do vírus na capital, o parlamentar defendeu que o comércio é importante para movimentar a economia local.
“Todas as medidas de prevenção e combate à covid-19 são necessárias diante da situação que Manaus vem atravessando, nossa cidade segue em alerta para diminuir a propagação do vírus diante do estado de emergência que foi decretado, considero expressamente fundamental o poder público estabelecer regras e normas para combater o colapso nos serviços de saúde. Por outro lado, não concordo com lockdown. Os serviços não essenciais devem retornar de forma gradativa, pois são eles que movem a economia da cidade”, ressaltou.
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