MANAUS – A investigação da Operação Sangria, deflagrada pela Polícia Federal e MPF (Ministério Público Federal) na manhã desta terça-feira, 30, identificou que a verba pública federal transferida à empresa FJAP Importadora pela venda de 28 respiradores por R$ 2,9 milhões foi remetida para uma conta bancária no exterior.
Sem citar nomes, a Polícia Federal informou que essa conta é pertencente a uma outra pessoa jurídica, “aparentemente de fachada, havendo indícios de possível prática de crime de lavagem de dinheiro”. Considerando que o sobrepreço praticado em cada unidade dos respiradores corresponderia a R$ 60,8 mil, o valor do superfaturamento totaliza a quantia de pelo menos R$ 1,7 milhão, até R$ 2,1 milhões.
Para a Polícia Federal, o desvio das verbas federais mencionadas ocorreu mediante fraude na contratação de empresa para fornecimento de respiradores. “Evidenciou-se o direcionamento da compra para empresa cuja atividade era/é a comercialização de vinhos. Os ventiladores mecânicos hospitalares entregues ao Estado do Amazonas, pela referida empresa, não possuíam as especificidades técnicas necessárias para a adequada utilização no tratamento médico”, informou a PF.
De acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), o Amazonas já recebeu cerca de R$ 310 milhões repassados pelo FNS (Fundo Nacional de Saúde) em 2020. Desse valor, R$ 80.875.854,49 são especificamente para combate à Covid-19. “A má aplicação desses recursos, em um momento tão delicado como o atual, é extremamente prejudicial para a sociedade, que já está sendo bastante afetada pelos efeitos da pandemia”, afirmou a CGU.
A Operação Sangria cumpre 20 mandados de busca e apreensão e oito de prisão temporária, nas cidades de Manaus (AM) e de São José dos Campos (SP). Além de Simone Papaiz, foram alvos de prisão temporária três ex-secretários e quatro empresários.
As medidas foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e incluem o bloqueio de bens no valor R$ 2,976 milhões, de 13 pessoas físicas e jurídicas. Wilson Lima, que estava cumprindo agenda em Brasília, foi alvo de buscas e bloqueio de bens.
De acordo com o MPF, a investigação apura a atuação de uma organização criminosa instalada no Governo do Amazonas com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender as necessidades da pandemia de Covid-19.
Com a participação direta do governador, foram identificadas compras superfaturadas de respiradores, direcionamento na contratação de empresa, lavagem de dinheiro e montagem de processos para encobrir os crimes praticados.
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