A Norte Serviços Médicos alega ter lavado 44 toneladas de roupas entre 18 de abril e 30 de junho, durante a pandemia do coronavírus. Empresa já lucrou, em três anos, cerca de R$25 milhões do Governo do Amazonas
Manaus – A empresária Criselídia Bezerra de Moraes, 68, proprietária da empresa Norte Serviços Médicos depôs por meio de videoconferência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde na tarde desta quarta-feira (22). A empresa prestou serviços de lavanderia para o governo do Estado durante a pandemia do coronavírus e alega ter lavado 44 toneladas de roupas no período de entre os dias 18 de abril e 30 de junho. A Norte Serviços já lucrou, em três anos, cerca de R$25 milhões em processos indenizatórios com a gestão pública no Amazonas.
Criselídia começou a ser ouvida no dia 16 de julho, na CPI da saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas, mas passou mal e seu depoimento foi transferido para o dia 22, por meio de videoconferência. A empresária tentou um habeas corpus para não depor, mas teve o pedido recusado pela justiça.
A empresária Criselídia Bezerra de Moraes, proprietária da Norte Serviços Médicos, foi questionada pelo Delegado Péricles, sobre a data que ela adquiriu a empresa. Criselídia disse que não lembrava: “Faz bastante tempo. Que não são dois nem três anos. Só me falaram que eu ia falar sobre a lavagem de roupa. Minha empresa lavou a roupa e não recebeu, isso que eu sei” disse a empresária.
Foi perguntado se ela adquiriu de Victor Vinicius Souto dos Santos, por 5 milhões de reais, a empresa Norte Serviços e se ela conhecia o Victor. Criselídia continuou não respondendo o que foi perguntado. “Eu não sabia que ia responder uma monte de coisa. Eu não estava preparada, não trouxe documentação nenhuma. Eu me reservo a ficar em silêncio, eu vim falar só sobre a lavagem e roupa, eu entrei nessa só pela lavagem e roupa. Eu não devo nada a ninguém, eu não recebi e não cometi nenhum crime”, completou Criselídia.
O deputado Delegado Péricles (PSL) contou que estão investigando a empresa que ela é proprietária, e que foi adquirida por 5 milhões de reais e que a comissão precisava de informações da empresa. Que ela poderia responder ou permanecer calada. A empresária continuou negando a responder. “Eu me reservo a ficar em silêncio, eu tenho esse direito. Eu tenho 68 anos e eu não tenho porque viver uma situação dessa. Eu não cometi nenhum crime. Isso é um constrangimento. Eu estou sendo conhecido no Brasil inteiro por um crime que eu não cometi”, repetiu Criselídia.
O delegado Péricles disse que ela não estava respondendo por nenhum crime. Que ela estava sendo questionada como testemunha para falar a respeito da prestação e serviços da empresa, por existir fortes indícios de irregularidades. E ressaltou eu sabendo das condições de saúde da depoente, a comissão permitiu que ela respondesse o questionamento em casa. O deputado Fausto Júnior questionou sobre quais eram as atividades que a empresa prestava, e ela disse que não ia responder.
O delegado Péricles voltou a perguntar sobre a aquisição da empresa no dia 18 de fevereiro do senhor Victor e o capital social da empresa era de 5 milhões de reais. Foi perguntado como ela tinha pago a compra no valor de 5 milhões de reais e como ela tinha conseguido o dinheiro, ela não quis responder.
O deputado Fausto Júnior (PRTB) perguntou se ela sabia o endereço da empresa e ela continuou sem responder.
Por sua vez, o deputado Wilker Barreto afirmou que Criselídia não era dona da empresa; “Ela não é proprietária da empresa. Ela não sabe dados elementares, básicos de quem tem um negócio milionário. Se for pra ficar nessa linha de interrogatório, porque não é só o serviço da Nilton Lins. Eu pergunto se ela tem conhecimento de uma empresa que tem faturamento com o governo, que tem outros contratos. Precisamos saber se essa senhora está sendo usada” disse Wilker.
Criselídia respondeu que não é segredo, que pelas condições físicas, que ela tinha um procurador e foi para isso que ele a representou na CPI da saúde e o pedido foi aceito. O Deputado Wilker perguntou sofre o faturamento da empresa, sobre quantos contratos. A empresária continuou negando: “Eu tenho que fala isso é? Eu não me sinto obrigada a falar quanto é que eu ganho, no meu ponto de vista. Eu não sei, vou me reservar a ficar em silêncio”, completou a empresária.
O deputado Fausto ressaltou que Criselídia era proprietária da empresa e que independentemente do que ela disser na CPI, vão investigar a empresa. “O que a senhora tem aqui é a oportunidade de contribuir e dessa forma encontrar um melhor caminho para que a senhora não seja responsabilizada pelo aquilo que a senhora não fez. Nós estamos lhe dando uma oportunidade para a senhora possa contribuir” Disse Fausto.
O delegado Péricles também ressaltou que Criselídia é a proprietária da empresa e que ela vai responder por qualquer processo civil e criminal. E que eles estavam fazendo apenas perguntas básicas sobre a empresa. Foi perguntado se ela conhecia outra pessoa que tinha a procuração da empresa, identificada como Naila Tereza de Moraes Silva. A empresária disse que ia reservar o direito de ficar calada. “Sinceramente, vocês me desculpem, mas eu estou me sentindo uma condenada. A minha empresa cumpriu o serviço, não recebeu e eu vim aqui por isso” Completou Criselídia.
A empresária Criselídia pediu para uma enfermeira verificasse a pressão e foi verificado a medida 18 por 11. A enfermeira pediu que a CPI suspendesse o depoimento “Ela está muito nervosa, eu como enfermeira, espero que suspensa ou encerre o depoimento dela”, disse a enfermeira.
O deputado Serafim Corrêa disse que ela não é testemunha, ela é vítima. Alguém tá usando para fazer o mal a ela com uma senhora de 68 anos. “Eu tenho 73 anos, 5 anos a mais que a senhora. Isso foi uma maldade que fizeram com a senhora. Nós já temos os elementos que a gemente suspeitava”, disse Serafim.
O deputado Delegado Péricles disse que ia encerrar o depoimento pois a senhora era vítima e que estava sendo usada para faturar milhões. Wilker disse que ela não tem o mínimo de informação. Já caberia uma denúncia ao ministério público pelos indícios apontados até agora. As ferramentas do MP podem avançar as investigações dessa empresa. “Empresa como essa, literalmente é uma lavanderia, continuariam operando em nosso estado” completou Wilker.
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