Um recente estudo intitulado “O Alimento que Jogamos Fora – Causas, consequências e soluções para uma prática insustentável,” realizado pela MindMiners em colaboração com a Nestlé, trouxe à luz uma série de informações alarmantes sobre o desperdício de alimentos no Brasil. A pesquisa analisou não apenas o desperdício, mas também a diminuição drástica nas doações de alimentos em 2022 em comparação com 2020.
De acordo com os resultados da pesquisa, apenas 4% das empresas do setor alimentício que participaram do estudo nunca descartam alimentos, optando por reaproveitá-los de maneira responsável. Dos outros 96%, mais da metade (54%) admitiu realizar descartes de comida com frequência.
Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) e da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) revelam que aproximadamente 30% da produção global de alimentos é desperdiçada ou perdida a cada ano, totalizando cerca de 1,3 bilhão de toneladas. Essas estatísticas se tornam ainda mais alarmantes quando consideramos as milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem com a fome e a insegurança alimentar. No Brasil, por exemplo, existem 33 milhões de pessoas vivendo nessas condições.
O Brasil está classificado entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo. Os números revelam que mais de R$ 1,3 bilhão em frutas, legumes e verduras são descartados anualmente nos supermercados brasileiros, com cada cidadão jogando fora, em média, 60 quilos de alimentos perfeitamente consumíveis a cada ano.
No entanto, apesar do alto percentual de empresas que desperdiçam alimentos, surpreendentemente, 66% das empresas e 75% da população em geral acreditam que a responsabilidade pela redução do desperdício de alimentos recai sobre os consumidores. Contrariando essa percepção, o estudo destaca que o maior volume de desperdício ocorre nas próprias empresas do setor alimentício.
Juliana Tranjan, Coordenadora de Insights da MindMiners, enfatiza: “É uma conta que não fecha, e esse debate precisa ocupar cada vez mais espaço. É claro que a população também deve ser conscientizada, afinal uma parte do desperdício também ocorre nas casas. No entanto, o volume diário de comida preparada e processada em uma única empresa do ramo alimentício é muito maior do que em uma casa com 3 ou 4 pessoas. Há muito o que ser feito pelas empresas nesse sentido.”
Além disso, o estudo destacou uma preocupante redução de 80% nas doações de alimentos no Brasil em 2022 em comparação com o ano de 2020. Apenas 13% dos entrevistados afirmaram fazer doações de alimentos regularmente. É importante notar que, apesar do declínio nas doações, a fome e a insegurança alimentar ainda persistem no país.
Empresas têm um papel crucial na conscientização e na mudança de comportamento. Entre as medidas já adotadas pelas empresas, 47% afirmam que mantêm um rigoroso controle de estoque.
A Diretora Executiva de Business Transformation da Nestlé Brasil, Barbara Sapunar, ressalta: “Para promover a segurança alimentar, somos parceiros do Mesa Brasil, que é o maior Banco de Alimentos da América Latina. Juntos, viabilizamos a doação de mais de 900 mil quilos de alimentos em 2022.”
O estudo envolveu dois mil respondentes da população em geral e 500 respondentes que são proprietários ou colaboradores de empresas do setor alimentício em todo o país. Ele fornece uma análise aprofundada sobre como as empresas podem desempenhar um papel importante na redução do desperdício de alimentos e na conscientização da população sobre esse tema crítico.
Entre as conclusões, destaca-se que 50% do desperdício de alimentos ocorre durante o manuseio e transporte, e legumes e verduras correspondem a 21% dos alimentos descartados nas empresas.
Juliana Tranjan ressalta: “A doação de alimentos, além de minimizar o desperdício, contribui para a redução da fome e da insegurança alimentar enfrentadas por indivíduos em condições de vulnerabilidade.”
A Nestlé tem desempenhado um papel significativo no combate ao desperdício alimentar. A empresa mantém uma parceria com a maior rede nacional de Bancos de Alimentos, o Mesa Brasil, direcionando 35 toneladas de alimentos por mês para instituições que atendem pessoas em situação de insegurança alimentar em todo o país. Além disso, a Nestlé colabora com a ONG Banco de Alimentos, que recolhe alimentos aptos para consumo, mas próximos da data de validade, e os distribui onde são mais necessários. A empresa também faz parte do movimento Todos à Mesa, uma coalizão de empresas e organizações com o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos e combater a fome no Brasil.
Através da plataforma de inovação aberta Panela Nestlé, a empresa mantém iniciativas em parceria com a foodtech Food To Save e a ESG foodtech Restin para recuperar alimentos que seriam descartados, contribuindo para a redução do desperdício.
É evidente que o desperdício de alimentos é um problema sério que exige ações coordenadas de empresas, governo e sociedade para ser resolvido. Conscientizar a população sobre a importância de reduzir o desperdício e promover a doação de alimentos é crucial para enfrentar esse desafio global.
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