Um inquérito conduzido pela polícia britânica revelou que David Fuller, um funcionário de 69 anos, abusou de pelo menos 101 mulheres e meninas em hospitais de Kent entre os anos de 2007 e 2020. Fuller foi condenado a duas penas de prisão perpétua em 2021 pelo assassinato de Wendy Knell e Caroline Pierce, além de receber uma sentença adicional de 16 anos por abuso de cadáveres, garantindo que ele passará o resto da vida na prisão.
O presidente do inquérito, Jonathan Michael, destacou “falhas graves” nos estabelecimentos de saúde onde Fuller atuou, permitindo que ele cometesse tais crimes sem ser detectado. O abuso chocou o país e ultrapassou décadas, evidenciando “oportunidades perdidas para questionar as práticas de trabalho de Fuller”, segundo Michael.
O inquérito fez 17 recomendações para evitar casos semelhantes no futuro. Entre elas, a instalação de câmeras nos necrotérios, a garantia de acompanhamento constante por pessoas autorizadas e a proibição de deixar corpos fora dos frigoríficos durante a noite.
Fuller, originário de Heathfield, no condado de East Sussex, trabalhou como supervisor de manutenção em hospitais em Tunbridge Wells, em Kent, por três décadas. Ele usava seu cartão magnético de funcionário para acessar os necrotérios, escolhendo momentos em que sabia que as áreas estariam sem vigilância.
Em seu julgamento, o tribunal ouviu detalhes sobre como ele visitava repetidamente “os mesmos corpos”, cometendo abusos sistemáticos. O inquérito apontou falhas de gestão desde 2008, com poucas evidências de medidas eficazes tomadas para corrigir os problemas.
O presidente-executivo do hospital, Miles Scott, afirmou que a maioria das recomendações já foi implementada desde a prisão de Fuller, e o restante será adotado o mais rápido possível.
A ministra da saúde, Maria Caulfield, emitiu uma declaração escrita ao Parlamento pedindo desculpas em nome do governo e do NHS, comprometendo-se a aprender com o incidente e implementar as recomendações até a primavera de 2024.
Uma segunda parte do inquérito, focada nas condições de necrotérios privados, ambulâncias privadas e agências funerárias, terá suas conclusões aguardadas até 2024.