Assim que o acordo de colaboração firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), membros do governo Lula e aliados de Jair Bolsonaro mobilizaram-se para obter informações detalhadas sobre os segredos que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente começou a compartilhar com as autoridades.
Para os petistas, há um interesse evidente em colher informações capazes de agravar ainda mais a imagem de Bolsonaro, mas também existe uma preocupação com a possibilidade de Mauro Cid ter envolvido generais de alto escalão em tramas golpistas. Isso poderia gerar inquietação nas Forças Armadas e complicar os esforços de reconciliação entre os militares e Lula.
Dentre as várias autoridades designadas para investigar o assunto, o governo concentrou suas esperanças principalmente no comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva. Segundo assessores presidenciais, ele mantém uma relação próxima com o ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável por homologar a delação de Mauro Cid.
Embora o conteúdo do acordo permaneça em sigilo, a nova edição da revista VEJA relata que Mauro Cid não mencionou três generais de alto escalão do governo Bolsonaro: os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil).
Após quatro meses de prisão, o tenente-coronel conquistou sua liberdade graças à sua colaboração. Agora, seu desafio é evitar a expulsão do Exército, do qual está afastado por decisão de Alexandre de Moraes. Membros do governo afirmam que, se as revelações de Mauro Cid de fato contribuírem para as investigações em curso, é provável que ele não perca sua posição militar.
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