No cenário do 25º Festival de Cirandas de Manacapuru, a noite do dia 2 de setembro foi iluminada pelas cores da nação azul, vermelha e branca do bairro da Liberdade, na “Princesinha do Solimões”. A agremiação Guerreiros Mura, que ostenta 12 títulos em sua história, celebrou seus 30 anos de existência com um espetáculo que trouxe à tona temas cruciais: a preservação da Amazônia e a luta dos Yanomamis.
O tema escolhido para este ano foi “Urihi: Terra-Floresta”, uma criação do diretor geral de arena, Fabiano Fayal, que em seus quatro meses à frente da Guerreiros Mura, enfrentou o desafio com determinação. “Tivemos uma equipe engajada com o espetáculo, comprometida e que deu o sangue para estar hoje aqui, festejando a nossa terra floresta”, revelou o artista, também diretor cultural.
A apresentação contou com a participação do renomado cantador de cirandas, Júlio Persil, conhecido por ser o levantador de toadas do Boi Corre Campo no Festival Folclórico do Amazonas. Um dos momentos marcantes foi a performance do Cordão de Entrada, que encenou a “Batalha dos Guerreiros”, simbolizando a luta dos povos indígenas Yanomamis e o significado do termo Napë Pë, que na etnia, representa o “homem branco”.
O espetáculo foi uma verdadeira sinfonia de surpresas, com a presença de alegorias grandiosas, algumas atingindo até 15 metros de altura, além de movimentos precisos, efeitos especiais, luzes e fogos de artifício. O projeto artístico das alegorias foi assinado por Carlos Lopes, natural de Parintins, e sua esposa, Neide Lopes, também uma destacada artista e produtora cultural.
Neide Lopes explicou: “Estamos trazendo os seres encantados da floresta, que são os grandes protetores da nossa terra-floresta e que vieram para a batalha contra essas epidemias. Trouxemos o curupira, a caipora, o mapinguari e outros itens.”
O Cordão de Cirandeiros, composto por 42 pares, demonstrou sincronismo nas coreografias, resultado de um trabalho social de incentivo às artes promovido pela agremiação, originária do bairro da Liberdade. O presidente da Guerreiros Mura, Renato Teles, orgulhoso do grupo folclórico que desenvolve danças folclóricas de Manacapuru há 30 anos, declarou: “Nós somos um grupo folclórico e desenvolvemos isso com muita vontade e somos hoje a maior ciranda de Manacapuru.”
Um dos destaques da noite foi a empolgante torcida Raça Mura, que participou ativamente com gritos de guerra, interação com o espetáculo e o orgulho da alcunha de “pitiú”. A apresentação se estendeu por 2 horas e 16 minutos, tempo suficiente para a agremiação deixar sua marca.
Erondina Dos Anjos, diretora geral da ciranda há mais de 20 anos, emocionada, afirmou: “Foram seis meses de trabalho intenso, tudo pensado com muito carinho, responsabilidade e respeito a todos. É inexplicável o que estamos sentindo.”
O 25º Festival de Cirandas de Manacapuru, promovido pelas cirandas locais, contou com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e dos órgãos municipais. Além de proporcionar entretenimento, o festival também promoveu a mobilização comunitária, gerando empregos e renda, e reforçou a consciência ecológica e a educação ambiental.
Luiz Carlos Bonates, secretário executivo de Cultura e Economia Criativa, enfatizou: “Que venham mais 25 anos, que se torne algo mais grandioso do que já é e, principalmente, cuidem da nossa floresta.”
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