[TÍTULO] Jair Renan foi ao Planalto pegar itens pessoais de Bolsonaro, revela ex-funcionário
[SUBTÍTULO] Ex-funcionário Marcelo Vieira do GADH relata visita de Jair Renan para pegar objetos de baixo valor do ex-presidente.
[INTRODUÇÃO] No governo anterior, Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez uma visita ao Palácio do Planalto para pegar itens pessoais de seu pai. A revelação foi feita por Marcelo Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República (GADH), o órgão encarregado de determinar quais objetos deveriam integrar o acervo pessoal do chefe do Executivo.
[CORPO DA MATÉRIA] Durante uma entrevista à GloboNews, Marcelo Vieira revelou que Jair Renan esteve no gabinete de documentação histórica para recolher itens de baixo valor, como um boneco e uma camiseta camuflada. O ex-funcionário afirmou que esses objetos foram retirados em uma data posterior, após uma conversa particular entre Bolsonaro e seu filho, onde o presidente autorizou a retirada.
Marcelo Vieira enfatizou que o acervo é de natureza privada e pertence ao presidente, enquanto ele atuava apenas como o guardião dos itens. Ele explicou: “A partir do momento em que ele (Bolsonaro) disse ‘entrega’, eu registrei como entregue, e daí em diante, a responsabilidade era do próprio presidente. Foi aí que o presidente disse para que o Renan subisse e viesse falar comigo”.
Segundo Vieira, os objetos levados por Jair Renan não faziam parte do acervo público da União, sendo considerados como pertencentes de forma “personalíssima” ao ex-presidente. O ex-chefe do GADH trabalhou no gabinete entre 2017 e janeiro deste ano, quando foi exonerado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Marcelo Vieira também mencionou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, insistia que todos os itens recebidos durante o governo Bolsonaro eram de natureza “personalíssima” do ex-presidente. Vieira afirmou que tentou contestar essa visão ao longo dos quatro anos de mandato, mas não tinha certeza se Cid simplesmente não entendia ou ignorava suas observações.
O ex-funcionário também revelou que Cid não buscava formalmente o gabinete para discutir a possibilidade de vender presentes, preferindo abordar o assunto em “conversas informais”. Em uma ocasião, Cid solicitou que Vieira assinasse um documento três dias antes do fim do mandato de Bolsonaro na Presidência, autorizando a liberação de um conjunto de joias que haviam sido retidas pela Receita Federal em outubro de 2021. Vieira se recusou a assinar o documento, argumentando que o presente era propriedade da União e não fazia parte do acervo privado de Bolsonaro.
Vieira revelou que telefonou para Cid para explicar a situação ao “chefe”, referindo-se ao ex-presidente. No entanto, Bolsonaro teria simplesmente agradecido e desligado o telefone.
A retenção das joias pela Receita Federal foi noticiada pelo Estadão em março deste ano, expondo que membros do governo Bolsonaro tentaram trazer ilegalmente para o Brasil um pacote entregue pelo governo da Arábia Saudita, que continha joias, incluindo um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes.