Faltando 15 meses para as eleições municipais de 2024, duas coisas estão certas: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro travarão uma disputa para conquistar o papel de cabo eleitoral de destaque. O epicentro dessa competição será a cidade de São Paulo, que se tornou a prioridade zero para ambos. Curiosamente, os dois líderes políticos estão articulando apoio a candidatos de outras legendas.
Lula, buscando isolar os radicais dentro de seu partido, costura o apoio ao deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL. Enquanto isso, Bolsonaro desligou o deputado federal Ricardo Salles e flerta com o apoio à reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes, do MDB.
O cenário atual aponta para a possibilidade de Lula acomodar um representante do PT como vice na chapa de Boulos, mas o nome ainda não foi escolhido. Valdemar Costa Neto, líder do PL, tenta convencer Bolsonaro a indicar seu companheiro de chapa para Nunes, sendo o nome mais cotado o de Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência.
A eleição na capital paulista se tornou um embate de dimensão nacional, reeditando a polarização que marcou a disputa presidencial em 2022. Ambos os lados enxergam a disputa em São Paulo como vital para o encaminhamento da sucessão presidencial em 2026.
A estratégia adotada por Valdemar Costa Neto baseia-se na personalização do marketing político, transformando o adversário em uma figura de fácil identificação, o “mal” representado por Boulos. Valdemar vincula o deputado do PSOL à sua antiga militância como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, insinuando que Boulos trataria São Paulo como trampolim para uma futura candidatura presidencial da esquerda radical, supostamente às custas da cidade.
Por sua vez, Boulos procura capitalizar os votos que o levaram ao segundo turno nas eleições de 2020 em São Paulo, associando seu adversário Ricardo Nunes ao legado da pandemia e ao governo de Bolsonaro.
O escopo da candidatura de Boulos vai além do PSOL, pois ele busca formar uma frente com outros partidos de esquerda, incluindo PT, PCdoB, PV, Rede e PDT. Lula, nos bastidores, prevê a adesão do PSB, liderado por Geraldo Alckmin, ex-tucano conhecido por sua moderação política.
Um fator adicional que pode impactar o cenário é a figura de Alexandre de Moraes, atual ministro do Supremo Tribunal Federal, que enfrenta Bolsonaro em uma série de inquéritos penais. A política é dinâmica, e 15 meses podem mudar o cenário significativamente, podendo influenciar tanto na candidatura do ex-presidente quanto nas perspectivas eleitorais do atual presidente.
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