Meninas foram consideradas inelegíveis pelo governo por terem menos de 18 anos, um dos requisitos obrigatórios para receber o benefício
Mães adolescentes, ou seja, menores de 18 anos, estão desamparadas pelo governo federal em meio à crise do novo coronavírus e clamam pelo auxílio emergencial de R$ 600.
Números mais recentes do IBGE apontam que a cada sete (15%) bebês nascidos em 2018, cerca de um a mãe tinha menos de 19 anos.
Apesar de o benefício ser pago em dobro (R$ 1,2 mil) a mães chefes de família, as jovens não podem nem mesmo fazer o cadastro, pois são barradas na regra da menoridade, visto que uma das exigências é ter mais de 18 anos.
O Senado Federal aprovou, no último dia 22, um projeto que amplia o alcance do benefício para mais de 70 categorias. As mães adolescentes foram incluídas.
Ocorre que, duas semanas depois, porém, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda não sancionou o projeto. Além disso, disse que estuda vetar a ampliação.
“Por enquanto, não está prevista [a ampliação]. Se houver necessidade, se nos convencerem e tiver recurso para tal, a gente estuda e defere ou não”, afirmou, na última segunda-feira (27/04).
Vítimas
Ante a demora do governo federal para dar uma resposta, as mães adolescentes se viram como podem em meio à crise do coronavírus.
Algumas dividem as tarefas de casa com estudos e trabalhos. Outras, precisaram largar a escola para cuidar das crianças. E tem aquelas que não recebem ajuda nem mesmo do pai. Claramente, a situação piorou com a chegada do vírus.
A mineira Esther Maria, de apenas 17 anos, mãe da pequena Ana Laura, 1 ano e 3 meses, diz que se sentiu contrariada ao chegar na agência e receber apenas R$ 130 do Bolsa Família: insustentável, segundo ela.
“Tem que pagar água, a prestação da casa. Estou precisando comprar fralda e leite”, relata a adolescente, que mora com a avó, Berenice, 74, em Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais.
Esther não sabe onde está o pai de Ana Laura. Ela largou os estudos no oitavo ano do ensino fundamental e diz que hoje não tem condições de voltar. Além disso, não tem emprego fixo. “Às vezes faço um bico de faxineira, mas com o coronavírus, não tem mais”, conta.
A ampliação do auxílio emergencial foi enviada ao presidente Jair Bolsonaro no último dia 23, ou seja, menos de 24 horas após ser aprovado no Senado.
O presidente tem até o dia 14 deste mês para sancionar ou vetar o projeto de lei.



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