Com alta aprovação em Manaus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o cabo eleitoral mais desejado entre os candidatos de direita.
Dos 11 postulantes à prefeitura, quatro são declaradamente bolsonaristas, quatro são de centro e três se dizem de esquerda.
Por isso, quando o presidente falou nas lives semanais sobre apoio na eleição municipal, houve reação imediata nas campanhas. Por três semanas, tem citado o Coronel Alfredo Menezes (Patriota) direta ou indiretamente como seu candidato em Manaus.
Com apenas 6% no primeiro Ibope divulgado, o militar busca a simpatia do eleitor se apresentando como o único candidato com DNA de Bolsonaro e usando as imagens dele no material de campanha —uso autorizado por Bolsonaro, segundo o UOL apurou.
Logo no primeiro ato de campanha, Menezes contou com a participação de Bolsonaro por vídeo chamada. “Os outros falam no presidente, mas o presidente fala de mim”, disse o candidato.
Tendo servido no Exército juntos, Menezes sempre se gabou do canal direto com Bolsonaro, sem interlocutores, numa amizade que o levou a ser chamado de “irmão mais novo” do presidente.
Foi por indicação direta de Bolsonaro ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que o coronel chegou à superintendência da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), um dos cargos federais mais cobiçados no Amazonas.
Mas o coronel perdeu o cargo quando Bolsonaro se aproximou do centrão por mais apoio no Congresso.
Menezes afirmou à reportagem que o presidente prometeu a ele dar a declaração de apoio “no momento certo”. “Fui convocado para ser seu candidato a prefeito para dar um basta e acabar com a mamata da velha política que impede o crescimento de Manaus”, disse na propaganda eleitoral desta semana.
‘Não vi assumir candidato’
Antes responsável pelas indicações na Suframa, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos) evita o confronto direto, mas rechaça Menezes e tem outro candidato.
Líder da bancada evangélica, Câmara faz parte da bancada de apoio do presidente no Congresso. Seu partido lançou o também deputado federal Capitão Alberto Neto.
“O presidente Jair Bolsonaro não é propriedade de ninguém. Uma prova disso é que ele não está filiado a nenhum partido neste momento”, afirma Silas Câmara. “Não vi ele assumir de fato que tem um candidato. Na minha opinião, o Capitão Alberto Neto é quem mais tem essa aliança, afinal foi o próprio presidente que o escolheu para vice-líder.”
Neto é um dos 14 vice-líderes do governo Bolsonaro na Câmara. Assumiu a função às vésperas da eleição, mas defende que o destaque seja para os problemas da cidade. Ele discursa em favor do armamento da Guarda Municipal e de que a polícia tem de atirar para matar bandido.
“Nós não queremos pegar uma onda do presidente. A população quer saber como nós vamos aumentar a cobertura de atenção básica, que é pífia, como vamos resolver o problema de esgoto, que só tem 14% de cobertura de saneamento básico.”.
Outro ex-militar bolsonarista em Manaus é o dono de construtora RD Engenharia, Romero Reis (Novo). Até o ano passado, era filiado ao PSL, antigo partido de Bolsonaro.
Para ele, o presidente não deve ser usado como “muleta eleitoral”, mas destaca um histórico que o liga a Bolsonaro. “Minha identidade com o governo federal está acima de tudo na defesa da pátria, de acreditar em Deus, na família, na prosperidade através de trabalho sério, da transparência total, de dizer não à corrupção.”