A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez declarações polêmicas durante um encontro estadual do PL Mulher do Ceará, realizado em Fortaleza no último sábado, 30 de setembro. Ela afirmou que durante os quatro anos de governo do marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, não quis ser uma “viajante, turista”. A ironia de Michelle tinha como alvo a atual primeira-dama, Janja Lula da Silva, que tem acompanhado Lula em diversas viagens internacionais e liderou uma comitiva de autoridades em visita às regiões atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul recentemente.
“Eu cheguei como primeira-dama, e eu já sabia, porque estava no meu coração, que eu não queria ser uma boneca de enfeite ou uma viajante turista. Não era isso que eu queria”, disse Michelle Bolsonaro durante o encontro, sendo aplaudida pelas dezenas de convidadas presentes.
A estadia de Janja no Rio Grande do Sul, sem Lula, durou menos de um dia, enquanto o presidente ficou em Brasília para a posse do novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Diferentemente do que foi anunciado pelo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, em vídeo nas redes sociais, a atual primeira-dama não divulgou medidas governamentais para a região mais afetada pelas chuvas.
Durante o encontro no Ceará, Michelle Bolsonaro relembrou seu próprio período como primeira-dama, destacando que quis “institucionalizar” seu trabalho voluntário ao chegar a Brasília, incluindo a coordenação do programa “Pátria Voluntária”. No entanto, em 2021, o Estadão revelou que naquele momento, o projeto havia gastado mais com publicidade do que em doações.
Michelle Bolsonaro tem viajado pelo país para participar de encontros com mulheres e discutir temas caros ao bolsonarismo, como “instinto maternal”, aborto, drogas e outras pautas conservadoras. Ela encorajou as mulheres a se posicionar e mencionou o apoio do PL Mulher para aquelas que desejam se candidatar.
No final do encontro, Jair Bolsonaro subiu ao palco e dirigiu-se às convidadas. O ex-presidente repetiu parte do discurso eleitoral do ano passado, destacando as medidas de seu governo, e fez uma declaração enigmática sobre as eleições de 2022: “Um dia, a verdade de 22 virá à tona, pode ter certeza disso”, referindo-se às eleições presidenciais.
Vale lembrar que Jair Bolsonaro foi tornando inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, devido a um discurso no qual ele atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.
Bolsonaro também mencionou a arrecadação de fundos de campanha, que superou R$ 17 milhões em Pix em 2023, embora as multas continuem a ser uma preocupação para ele.
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