No sábado, 26 de agosto, Michelle Bolsonaro, a ex-primeira-dama, deu uma resposta irônica às suspeitas que a envolvem em um possível esquema de desvio e venda de presentes doados ao casal presidencial durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL). Durante um evento do PL Mulher em Pernambuco, ela anunciou que pretende lançar uma coleção de produtos denominada “Mijoias”. Essa decisão foi tomada como uma reação aos incessantes questionamentos sobre o destino dos objetos, que são alvo de uma investigação da Polícia Federal. Michelle Bolsonaro, juntamente com Bolsonaro e outros seis indivíduos, deverá prestar depoimento sobre o caso em questão no dia 31.
“Diante de toda essa confusão, se estivéssemos em Brasília, eu diria que estamos lidando com um grupo um tanto desorientado, ou melhor, um grupo tapado, que fica repetindo: ‘Onde estão as joias? Você não irá entregá-las?’ Queridos, as joias estão sob custódia da Caixa Econômica Federal. No entanto, devido ao incessante clamor por informações sobre joias, gostaria de anunciar que em breve estaremos lançando a ‘Mijoias’ para todos vocês”, declarou Michelle, recebendo aplausos das suas apoiadoras. Ela também compartilhou que sentiu sua reputação ser atacada, mas que transformará as adversidades em algo positivo.
Michelle Bolsonaro argumenta que as constantes indagações sobre as joias visam desviar a atenção da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro, que investiga os incidentes de invasão e vandalismo nos edifícios dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores de Bolsonaro. Ela destacou ainda que Bolsonaro obteve sucesso nas eleições, evidenciando a formação de uma significativa bancada conservadora.
Apesar de Michelle afirmar que as joias se encontram sob guarda da Caixa Econômica Federal, registros de conversas revelados na decisão relacionada à operação Lucas 12:2 revelam que Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro, mencionou ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid sobre o “desaparecimento” de determinados objetos, fazendo referência a uma pessoa chamada “dona Michelle”. A Polícia Federal interpreta isso como uma indicação de que outras peças podem ter sido desviadas, além do Rolex que foi vendido, recomprado pelo advogado Frederick Wassef e que atualmente está sob custódia da Caixa Econômica Federal. A mensagem da Polícia Federal ressalta que “as mensagens indicam que, mesmo com as restrições, é possível que outros presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro tenham sido desviados e comercializados, sem observar as limitações legais, sendo enfatizado que ‘sumiu um que foi com a dona Michelle'”.
Esta não é a primeira vez que Michelle manifesta seu desconforto diante das investigações. Há duas semanas, ela reagiu a um questionamento feito por uma mulher em um restaurante em Brasília. Um vídeo divulgado pelo portal g1 mostra Agustin Fernandez, maquiador e amigo de Michelle, dirigindo insultos à mulher que estava filmando a cena. Posteriormente, Michelle se aproximou da mesa e argumentou que a mulher estava mal informada sobre o paradeiro das joias. Durante o incidente, é possível escutar o som de um copo de gelo sendo arremessado em direção à mulher. Michelle esclareceu que apenas respondeu aos insultos.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra do sigilo fiscal de Michelle Bolsonaro e também de Jair Bolsonaro, em resposta a um pedido da Polícia Federal. Essa medida foi tomada como parte da operação Lucas 12:2, que investiga a possível apropriação e venda de joias. No dia seguinte à decisão do ministro, Michelle ironizou a situação, declarando: “Se ao menos tivessem me pedido”, em referência à disponibilidade de informações.
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