Denúncia aponta que pacientes com Covid foram amarrados por falta de sedativos, mas prefeitura nega. MP vai apurar conduta do secretário de Saúde da cidade e do diretor da unidade.
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) abriu uma investigação, nesta terça-feira (23), para apurar a conduta de autoridades em relação a pacientes com Covid-19 internados em Parintins, no interior do estado.
Denúncias apontam que eles foram amarrados em macas por falta de sedativos no Hospital Municipal Jofre Cohen, mas a prefeitura nega escassez do medicamento. Os pacientes estavam inconscientes, intubados e em estado grave. A Defensoria Pública também investiga a denúncia.
O Amazonas enfrenta colapso no sistema de saúde por conta da segunda onda de Covid-19, que atinge o estado desde janeiro. Até esta terça, mais de 10,5 mil pessoas morreram com Covid.
O objetivo da investigação do MP é apurar a conduta do secretário de saúde de Parintins e do diretor do Hospital Jofre Cohen.
O promotor de Justiça Marcelo Guimarães informou à Rede Amazônica que, no sábado, recebeu informação da prefeitura que o estoque do sedativo estava no fim, mas não que poderia acabar.
Segundo ele, é necessário analisar a conduta do gestor público, para apurar se ele realmente deixou faltar a medicação e utilizou a contenção mecânica para evitar que os pacientes se “extubassem sozinhos”, ou seja, retirassem os tubos que auxiliam a respiração.
Pacientes são amarrados a macas em Parintins, no Amazonas.
Conforme a denúncia, os pacientes passaram o fim de semana amarrados. A secretaria de Saúde informou que a “contenção dos mesmos é necessária para mantê-los em segurança, ao iniciar a diminuição dos sedativos, como no processo de extubação”.
A presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Suzana Lobo, disse que diante da situação de não ter sedativos, o procedimento de amarrar pacientes não está errado, mas a falta de sedação pode levar a consequências graves e traumáticas aos pacientes.
O Ministério Público solicitou do secretário de Saúde da cidade informações sobre o estoque de sedativos, tanto no sábado, quando foi feito o registro da denúncia, quanto o atual estoque de sedativos para todas as unidades do município, além da previsão para o medicamento acabar se o estoque estiver baixo.
O MP também pediu informações para o diretor do hospital sobre quais pacientes foram contidos mecanicamente e as razões deles terem sido. A Rede Amazônica buscou posicionamento dos citados, e aguarda resposta.
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