O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) elevou o tom de suas críticas em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando que há uma paralisia no processo de reforma agrária e demora na aquisição de produtos da agricultura familiar pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Segundo João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST, até o momento o governo não adquiriu um único quilo de alimentos da agricultura familiar pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Isso tem causado grande insatisfação entre as famílias que se preparam para esse tipo de venda. A demanda do MST era que o governo destinasse anualmente R$ 1,1 bilhão para o PAA, porém, apenas R$ 250 milhões foram autorizados no início do ano, e esse valor parece ter se perdido na burocracia, de acordo com Rodrigues.
Além disso, as críticas também abrangem a lentidão nos assentamentos de famílias. O MST havia demandado a criação de 50 mil assentamentos em 2023, com um custo estimado de R$ 2,85 bilhões, mas, até o momento, nada foi concretizado, conforme relatou o dirigente.
João Paulo Rodrigues expressou preocupação com a possibilidade de as famílias começarem a realizar protestos em nível nacional, incluindo o bloqueio de rodovias, caso suas demandas não sejam atendidas. Ele afirmou que, atualmente, não está prevista uma jornada de ocupações, mas há a percepção de que serão necessários cinco mandatos de Lula para concluir o processo de reforma agrária.
Rodrigues disse que propôs a criação de uma força-tarefa da reforma agrária ao governo, por meio de conversas com membros do governo, mas até o momento não recebeu resposta.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, procurado para comentar a situação, não se manifestou sobre o assunto.
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