Uma possível segunda onda na China pode gerar desabastecimento ao PIM como ocorreu antes da pandemia chegar em Manaus
Manaus -O novo surto de coronavírus (Covid-19) que ocorreu em Pequim, na China e, que pode originar uma segunda onda de contágio no país, começa a preocupar a indústria amazonense. Mesmo que a situação ainda esteja sob controle, de acordo com o chefe de epidemiologia do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, o risco existe e pode interferir na produção do Polo Industrial de Manaus (PIM), uma vez que a China é o maior parceiro comercial de insumos e bens duráveis da Zona Franca de Manaus (ZFM).
A indústria amazonense vem de um resultado no faturamento no primeiro trimestre do ano de 2020 – antes da pandemia -, com R$ 26,38 bilhões, o que indica um crescimento de 7,4% em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo período as exportações também fecharam em alta, com US$ 95.54 milhões, uma alta de 12,81% em relação ao período de janeiro a março de 2019.
Linha de Montagem da fábrica de Computadores POSITIVO FOTO: DIEGO JANATÃ
Depois da retoma gradual do comércio no Amazonas e em outros estados brasileiros, a indústria que sofreu com desabastecimento e precisou paralisar por falta de insumos e também como medida de contenção ao novo coronavírus, agora vive nova ameaça. Segundo o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a dependência do mercado chinês é uma realidade, pois maioria dos componentes eletrônicos da ZFM vêm da China.
“Com o início da pandemia lá [na China], algumas medidas foram rapidamente tomadas, como a paralisação das fábricas e, com isso, esses insumos passaram a faltar aqui”, lembra Périco. Ele ressalta que a maioria dos produtos, atualmente, se utilizam de componentes eletrônicos, então isso acabou afetando a atividade não só no PIM, mas em vários lugares ao redor do mundo. Contudo, de acordo com o presidente, a situação já está normalizada somente aguardando a estabilização da economia interna no Amazonas e no Brasil.
“Mesmo com a normalidade que estamos vivendo nesse momento, a dependência da China é grande, então qualquer paralisação nesse mercado pode impactar a produção de insumos no país e afetar a indústria amazonense”, observa o presidente do Cieam.
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, muitas indústrias do PIM praticam o Sistema Just in Time, ou seja, os insumos chegam à linha de produção na hora certa, não havendo estoque parado. “É um procedimento que está relacionado à ideia de produção ‘sob encomenda’. Quando a pandemia se agravou na China, as fábricas de lá pararam e as do PIM tinham encomendas que ainda não tinham sido atendidas, com isso, criou-se um intervalo de tempo em que os pedidos não puderam ser atendidos, causando o desabastecimento”, explica.
Antônio salienta que durante muito tempo o Polo Industrial irá depender do fornecimento de insumos chineses por diversos motivos, entre eles o alto investimento. “Existe também problemas de viabilidade e de retorno de investimento. Outros problemas relacionados à competitividade, preço de venda, escala de produção e qualidade. Então continuamos dependentes dos fornecedores que com pandemia sempre será um problema”, esclarece.
O presidente da Fieam acredita que, qualquer indicação de uma nova onda, deverá ser analisada com cautela para que as fábricas do PIM possam se precaver melhor, adotando estoques maiores para superar possíveis paralisações de fornecimento.
Crescimento no primeiro trimestre
Os números ascendentes do primeiro trimestre foram possibilitados, principalmente, pelo desempenho de segmentos estratégicos para o PIM, com destaque para Bens de Informática do Polo Eletroeletrônico, que registrou faturamento de R$ 5,98 bilhões e crescimento de 10,1%; Duas Rodas, com faturamento de R$ 3,97 bilhões e crescimento de 9,83%; Químico, com faturamento de R$ 2,323 bilhões e crescimento de 18,84%; Metalúrgico, com faturamento de R$ 2,34 bilhões e crescimento de 10,9%; Termoplástico, com faturamento de R$ 1,81 bilhão e crescimento de 11,7%; e Mecânico, com faturamento de R$ 1,7 bilhão e crescimento de 46,99%.
Na avaliação do superintendente da Suframa, Algacir Polsin, os indicadores do primeiro trimestre são positivos, sobretudo, porque demonstram dados favoráveis de faturamento, produção e empregabilidade em um período em que já eram sentidos os primeiros impactos da pandemia da Covid-19. “Precisamos ver como serão os indicadores do segundo trimestre deste ano, estes, sim, com uma previsão de que tenham sido bem mais afetados. Mas, ainda assim, o primeiro trimestre registra números satisfatórios”, avaliou Polsin.
Com informações do Portal Em Tempo.
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