O Partido dos Trabalhadores (PT) tomou uma decisão histórica ao optar por não lançar um candidato próprio para a Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais. Em vez disso, a legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o apoio à candidatura do deputado federal Guilherme Boulos, líder do movimento dos sem-teto e representante do PSOL, para disputar o cargo na capital paulista.
O presidente do diretório da capital paulista do PT, Laércio Ribeiro, afirmou que apoiar Boulos está alinhado com a estratégia que foi bem-sucedida na eleição de Lula, que consiste em construir uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo. Essa decisão marca a primeira vez, desde sua fundação, que o PT não terá um candidato próprio na corrida pela prefeitura da maior cidade do Brasil.
Ao longo de sua história, São Paulo já teve três prefeitos do Partido dos Trabalhadores: Luiza Erundina (1989-1993), Marta Suplicy (2001-2004) e Fernando Haddad (2013-2016). Em 2016, Boulos retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad na eleição estadual, recebendo, em troca, a promessa de apoio em 2024. No pleito do ano passado, o deputado federal perdeu a disputa pelo governo paulista no segundo turno para Tarcísio de Freitas, do Republicanos, mas conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Apesar da decisão do partido em apoiar Boulos, há divergências internas quanto à candidatura do líder do PSOL. Alguns integrantes do PT avaliam que será difícil para Boulos conquistar votos no centro político, pois seus opositores podem associá-lo ao radicalismo. A situação se repete em outras capitais do país, como Rio de Janeiro e Recife, onde o PT deverá compor com os atuais prefeitos, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), respectivamente.
Em relação às próximas eleições municipais de 2024, o PT pretende concentrar esforços em cidades com mais de cem mil eleitores e onde haja nomes competitivos. Nas eleições de 2020, o partido não conseguiu eleger nenhum prefeito nas capitais brasileiras.