Nos bastidores do Exército, fontes indicam que o tenente-coronel Mauro Cid pode enfrentar consequências drásticas em sua carreira militar. A expressão “vai pro barro”, usada por um oficial para comentar a situação, é empregada como uma maneira de indicar que um militar enfrentará punições. No caso de Cid, que já foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, a expectativa é que ele seja excluído da corporação e perca sua patente caso seja condenado na Justiça comum. Essa hipótese é considerada muito provável à luz das evidências já reveladas nas investigações que envolvem Cid.
Atualmente preso há três meses e meio em um batalhão da Polícia do Exército em Brasília, Cid enfrenta suspeitas de falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares. Além disso, está sendo investigado em outros casos, incluindo o vazamento de dados sigilosos sobre a urna eletrônica e os incidentes golpistas de 8 de janeiro.
A situação de Cid se complicou ainda mais nos últimos dias, quando uma operação da Polícia Federal trouxe à tona novos detalhes sobre sua participação, juntamente com seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, na venda de joias que foram presenteadas ao governo brasileiro e desviadas do acervo presidencial.
O novo advogado de Cid, Cezar Bittencourt, alegou que seu cliente simplesmente seguiu as ordens de Bolsonaro, embora tenha vacilado em relação a essa afirmação desde que assumiu o caso. Independentemente disso, fontes militares ativas e da reserva, falando sob condição de anonimato, indicam que a expulsão de Cid do Exército é praticamente inevitável.
Um oficial superior compartilhou que entre seus colegas existe a crença de que o tenente-coronel, antes tido como um excelente militar por muitos, tenha se perdido no papel que desempenhava como ajudante de ordens. De acordo com esse oficial, Cid estaria “no contra-azimute”, uma expressão que denota estar fora do caminho certo.
Essa visão é amplamente compartilhada, inclusive no Quartel General do Exército em Brasília, para muitos outros militares investigados por má conduta ou envolvimento nos eventos de 8 de janeiro. Há expectativa de que algumas punições ocorram, como é frequentemente mencionado nos círculos militares.
De acordo com regulamentos do Exército, respaldados pela legislação militar, a perda de patente e a expulsão de Cid e outros militares só podem ocorrer após todos os processos legais serem esgotados na Justiça comum. Cid não está sob investigação militar.
Em caso de condenação, Cid passaria por um tribunal militar chamado Conselho de Justificação, que avaliaria seu desempenho no cargo e sua conduta. Se condenado nessa instância, a sentença seria revisada pelo Superior Tribunal Militar (STM).
O texto também aborda o histórico do Conselho de Justificação, mencionando o caso de Bolsonaro em 1988 e as implicações legais em relação à expulsão de Cid e a perda de patente em decorrência de uma condenação.
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