O especialista diz que sua longa carreira de pesquisa o levou a ter “grande respeito pelos vírus”
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – O virologista belga Peter Piot, que participou da descoberta do vírus ebola em 1976 e passou as últimas quatro décadas combatendo doenças infecciosas, foi quase derrotado pelo coronavírus.
Contaminado em março, se autoisolou por 14 dias, ficou internado por uma semana em um hospital de Londres e se recupera em casa. Ainda hoje, seu fôlego falha e sente que à noite lhe falta a voz.
“Houve momentos em que pensei ‘Eles me pegaram. Dediquei minha vida à luta contra vírus e, finalmente, eles se vingaram’. Durante uma semana, equilibrei-me entre o céu e a Terra, à beira do que poderia ter sido o fim”, relatou ele à revista belga Knack no começo deste mês, na primeira entrevista desde que ficou doente.
O especialista diz que sua longa carreira de pesquisa o levou a ter “grande respeito pelos vírus”: “Dediquei boa parte da minha vida à luta contra o vírus da Aids. É uma coisa tão inteligente; evita tudo o que fazemos para bloqueá-lo”.
Diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Piot chefiou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids entre 1995 e 2008 e atualmente é consultor de coronavírus da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Depois de sentir a ação de um deles em seu próprio corpo, porém, passou a ver os vírus sob outro ponto de vista. “Eu me sinto mais vulnerável. Sei que isso mudará minha vida, apesar das experiências de confronto que já tive com vírus antes”, diz ele.
No relato, que teve uma versão publicada em inglês pela revista Science, ele conta que teve febre alta e dor de cabeça muito aguda em 19 de março: “Meu crânio e o couro cabeludo estavam muito doloridos, o que era bizarro. Eu não tinha tosse na época, mas ainda assim, meu primeiro reflexo foi: peguei”.
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