A Netflix, até então considerada uma “caixa-preta” para os profissionais da indústria audiovisual, surpreendeu ao anunciar uma decisão histórica. A partir de agora, a gigante do streaming divulgará seus dados de audiência em relatórios semestrais, respondendo às críticas sobre a falta de transparência que alimentaram as recentes greves em Hollywood.
O relatório inaugural revelou informações surpreendentes, destacando que a série de baixo investimento e divulgação, “Agente Noturno”, foi o maior sucesso do primeiro semestre, enquanto a produção brasileira “Chiquititas” de 2013, e não uma criação original da Netflix, foi o título mais popular no país.
Esta é a primeira vez que a Netflix, que lançou a revolução do streaming em 2010, compartilha essas informações. Anteriormente, a falta de números oficiais gerava incerteza entre criadores e produtores, pois a empresa decidia o destino de séries e filmes sem fornecer justificativas numéricas.
O relatório, intitulado “O que Nós Assistimos: Um Relatório de Engajamento da Netflix”, não apenas detalhará a quantidade de horas assistidas, mas também incluirá informações sobre datas e territórios de lançamento. Somente títulos com pelo menos 50 mil horas vistas globalmente serão incluídos.
A decisão da Netflix é vista como uma tentativa de reconquistar a confiança de criadores e assinantes, uma vez que medidas recentes, como a introdução de inscrições parcialmente financiadas por anúncios e o término do compartilhamento de senhas, causaram controvérsias.
Ted Sarandos, um dos CEOs da Netflix, afirmou que a transparência busca fortalecer a relação com os assinantes. O relatório, publicado a cada seis meses, compilou dados referentes ao primeiro semestre deste ano, abrangendo 18 mil produções e 99% das visualizações na plataforma.
A mudança na divulgação de dados não é exclusividade da Netflix. Após greves nos Estados Unidos, acordos com sindicatos exigem que plataformas de streaming revelem números aos roteiristas e atores. Embora os acordos não exijam divulgação pública, a medida pode influenciar debates sobre a regulamentação do streaming no Brasil.