Centenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro participaram de uma manifestação neste domingo em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para prestar homenagens a Cleriston Pereira da Cunha. Ele foi um dos réus dos ataques ocorridos em 8 de janeiro e faleceu no último dia 20 no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.
Os discursos, provenientes do carro de som da organização do evento, que estava estacionado na transversal da Avenida Paulista, bloquearam todas as faixas da via. Durante o ato, manifestantes criticaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de “ladrão”, e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e relator dos casos relacionados aos eventos de 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nomes influentes no bolsonarismo, como o senador Magno Malta (PL-ES) e o pastor Silas Malafaia, marcaram presença no evento intitulado “Em Defesa do Estado Democrático de Direito, dos Direitos Humanos e em Memória de Cleriston Pereira da Cunha”.
Mesmo ausente, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi lembrado em cartazes e nos gritos dos manifestantes, que clamavam pelo seu retorno. Bolsonaro, atualmente inelegível, já foi condenado duas vezes pelo TSE, primeiro por ataques e mentiras relacionados ao sistema eleitoral e depois pelo uso eleitoral dos eventos de 7 de Setembro do ano passado.
O advogado Fabio Wajngarten, ex-Secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, publicou um vídeo no qual os manifestantes pedem o retorno do ex-presidente. Bolsonaro está sob investigação pelo STF, suspeito de ser o autor intelectual dos ataques de 8 de janeiro.
Se, atualmente, Bolsonaro convoca para uma manifestação em defesa dos direitos humanos, no passado, o termo foi utilizado por ele como retórica política contra adversários. O ex-presidente e seus seguidores associam a pauta dos direitos humanos à esquerda e à impunidade, defendendo punições mais severas e questionando a importância de oferecer condições básicas de sobrevivência aos detentos.
Durante a manifestação, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi uma das primeiras a discursar, afirmando que “essa morte não vai ser em vão, não vamos nos intimidar”. Em resposta, manifestantes gritaram “fora Xandão”, referindo-se a Alexandre de Moraes.
O ministro e o STF foram os principais alvos nos discursos, com o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmando que “o tempo de Alexandre de Moraes está chegando”.
Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, faleceu no Complexo Penitenciário da Papuda após ter um mal súbito durante o banho de sol. Ele havia sido denunciado por crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
Em um interrogatório realizado em 31 de julho, Cleriston alegou ter um diagnóstico de vasculite, doença que o fazia desmaiar e ter falta de ar. Ele afirmou ter passado mal no dia dos ataques durante o traslado entre a sede do Congresso Nacional e o presídio, desmaiando e urinando em sua roupa.
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