Vídeo que circula nas redes também afirma que as vacinas transformariam as pessoas em quimeras e em antenas 5G
Informações falsas sobre as vacinas da Covid-19 têm circulado pelas redes sociais. No vídeo, uma mulher que se apresenta como Dra. Christiane Northrup afirma que as vacinas RNA mensageiro (mRNA) contra o coronavírus transformariam as pessoas em quimeras e em antenas 5G, além de alterar o DNA dos vacinados. O portal dos fatos checou as informações e atestou que são falsas.
Embora a mulher seja realmente uma médica obstetra com livros publicados, muitas informações dadas por ela sobre as vacinas não são verdadeiras, como por exemplo a de que as vacinas de RNA mensageiro conteriam DNA de macacos, porcos ou células fetais.
O doutor em microbiologia e biologia molecular Leandro Lobo explica que as vacinas contra a Covid-19 que utilizam RNA mensageiro, contém um gene, e não um DNA.
– Não há DNA nenhum nas vacinas contra o coronavírus. O que há é um gene, que não é um gene humano, é um gene de coronavírus e que vai ser lido pelas nossas células. Mas esse gene não está no formato de DNA, ele está no formato de RNA mensageiro. Esse RNA mensageiro é produzido sinteticamente, no laboratório, mas a origem, a sequência das letrinhas do ATCG, dessa molécula de RNA mensageiro, é viral. Por isso que ela funciona tão bem, porque as nossas células vão produzir uma proteína do vírus e estimular o nosso sistema imune a produzir uma resposta contra essa proteína. Quando você entra em contato com o vírus verdadeiro, o seu sistema imunológico já vai reconhecer essa proteína do vírus e vai se defender – esclareceu Leandro, que também é imunologista.
Professor do departamento de microbiologia médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Leandro também explicou porque não é possível que um DNA seja modificado a partir desse tipo de vacina.
– Não é possível alterar o DNA de uma pessoa usando esse tipo de vacina porque não tem DNA ali. Então, o que precisaria acontecer [para que o DNA fosse alterado] é que esse RNA mensageiro passasse por um processo de transcrição reversa e fosse transformado de RNA pra DNA, mas as nossas células não fazem essa transcrição reversa. Existem alguns organismos que fazem isso, mas as nossas células não fazem, por isso que essas vacinas são seguras – explicou.
Christiane também menciona, no vídeo, uma patente supostamente chamada de “luciferase”, que, sob uma luz específica, seria capaz de identificar quem foi vacinado ou não. No entanto, as patentes sequer são nomeadas. Luciferase é o nome técnico da enzima responsável por transformar energia química em energia luminosa, por isso o nome.
A palavra ‘lúcifer’ é a junção das palavras em latim ‘lux’ (luz) e ‘fero’ (portador). O nome é atribuído ao diabo antes de ser expulso do céu, quando ainda era um portador de luz. De modo literal, a luciferase permite que animais como os vagalumes possam ser portadores de luz.
Um outro texto, atribuído a Robert Kennedy Jr, com informações falsas sobre a vacina também está sendo compartilhado, principalmente pelo WhatsApp. Os esclarecimentos sobre a mensagem que começa com a frase “para todos os meus pacientes”.