Ato foi motivado após manifestantes tentarem queimar a bandeira nacional durante protesto ‘Amazonas Pela Democracia’
Um grupo de aproximadamente 40 pessoas realizou, na manhã deste sábado (6), o hasteamento da bandeira do Brasil na Praça do Congresso, no Centro de Manaus, Zona Sul de Manaus. Segundo organizadores, o ato foi motivado e convocado após manifestantes tentarem queimar a bandeira do país durante o protesto ‘Amazonas Pela Democracia’, na última terça-feira (2).
“Não conseguiram queimar a bandeira graças ao apoio da Polícia Militar. Em resposta estamos fazendo o hasteamento como forma de respeito à nossa bandeira. Isso é defendido na Constituição Federal. Desrespeitar a nossa bandeira queimando, melando de sangue ou algo parecido não é o correto. Se a gente não consegue respeitar a nossa própria bandeira vai respeitar o quê? Não vamos conseguir respeitar cor, gênero, absolutamente nada”, declarou Robson Madero, um dos organizadores do evento.
A solenidade iniciou com o hino da bandeira, composto por letra de Olavo Bilac e música de Antônio Francisco Braga. Em seguida, manifestantes discursaram e o hasteamento foi conduzido pelo vereador de Manaus Chico Preto (DC) sob o hino nacional. O ato, que teve duração de 30 minutos, também foi acompanhado pelos moradores do condomínio Maxímino Corrêa, que fica em frente à praça.
Durante o ato, organizadores frisaram que a manifestação é cívica de ‘amor ao Brasil’, em defesa do símbolo nacional, e apartidária e não expressa apoio a políticos. “Esse ato não é em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, a político nenhum. Em outros estados, em manifestações, a nossa bandeira foi queimada. Se eu chuto um pano o que vou fazer com outra pessoa que não é da mesma cor que eu? A Constituição Federal diz que todos podem se manifestar de forma pacífica. Se você quer se manifestar, seja contra ou a favor do governo, que seja de forma pacífica, mas tentar vandalizar um símbolo nacional fica difícil”, disse Madero.
De acordo com os organizadores, o grupo cooperou financeiramente para aquisição da bandeira que ficará hasteada na praça. “A bandeira vai ficar aqui e quem faz a administração da praça é o governo do Estado. Já entramos em contato com a Secretaria de Cultura e estamos fazendo o termo de doação da bandeira. Aqui não tinha nenhuma bandeira hasteada porque as diversas bandeiras com o tempo foram se degradando e a atual administração, não sei por qual o motivo, não fez a reposição. Agora está aí a bandeira”, explicou Aglei Júnior, um dos organizadores do evento.
Segundo Aglei, novos atos estão sendo programados pelo grupo para erguer a bandeira do país em outros pontos da cidade e os próximos locais já identificados para realização da solenidade: o mastro na Bola da Suframa e outro no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste. “É um ato de referenciação ao nosso símbolo e à nossa pátria, independente de ideologia. Político passa, o país e a população permanecem. A bandeira tem vários significados: o verde remete às matas; o amarelo às riquezas do país; o azul aos rios; as estrelas aos estados… Tudo isso permanece e tem um símbolo. E, ao queimar esse símbolo, estamos queimando toda a representatividade da bandeira”, afirmou.
Para o manifestante Alexandre Matias, queimar a bandeira do Brasil durante protestos é uma desonra ao país. “Se fizer metade do que fizeram com a bandeira dos Estados Unidos pegaria [lá] no mínimo 10 anos de cadeia. No Brasil, temos que começar a honrar a nossa pátria, o nosso país e só, assim, esse orgulho pode começar a levantar a classe política vendo que o povo honra a nossa bandeira. Se você honra o símbolo, honra toda uma pátria e está defendendo o país. Se você respeita um símbolo nacional, respeita todas as pessoas e situações“, avalia Matias que é liderança dos motoristas de aplicativo na capital.
Matias defende que deve haver no país punições severas na legislação civil e penal para cidadãos que realizam a degradação do símbolo nacional. “Deveria constar no Código Civil e Penal para justamente inibir esses atos de degradação do patrimônio nacional. Se você degradar qualquer praça você é preso e responderá a um inquérito. Por que não ao símbolo maior da nossa pátria, que é a bandeira? Deve mudar algumas regulamentações, leis rígidas para quem degradar a bandeira nacional”, pondera.
O ato foi pacífico, manifestantes, entre eles idosos e uma criança, respeitaram o distanciamento social apesar de conter participantes sem máscaras, desrespeitando medida sanitária para evitar a disseminação do novo coronavírus (Covid-19) no Estado.
Símbolo da nação
O vereador Chico Preto classificou como ‘fantástica’ a iniciativa de resgate aos símbolos nacionais. Na avaliação do parlamentar, hastear a bandeira é uma atitude firme e inteligente de expressar que o povo acredita no Brasil. “Problema a gente enfrenta e não é desvalorizando a nossa nação. Acima de governo, temos uma nação. Muita gente ficou incomodada (com o grupo querendo queimar a bandeira) e eu achei fantástico a iniciativa de hastear a bandeira. Reage com uma atitude acima de ofensas. Você pode reclamar e protestar do que quiser, mas não faz sentido queimar a bandeira do país quando se protesta por democracia. Não faz sentido. É desinformação, falta de valores e falta de estudo mesmo”, disse.
Na opinião do militar da reserva, Mário Cesar, o respeito à bandeira nacional deve partir de todos os brasileiros, independentemente se votou ou não no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018. Eleitor de Bolsonaro, Cesar disse que os partidos de oposição não querem vestir o ‘verde e amarelo’ e colocam na cabeça dos estudantes universitários que os símbolos nacionais não têm valor. “Eu servi 30 anos e entendi que tenho que respeitar a nossa bandeira. Não vou mudar de verde e amarelo para vermelho. Vermelho sempre foi caracterizado pelo símbolo do comunismo e fora as outras ideologias. Vestir-se de preto, gritar democracia e quebrar tudo não é democracia. Democracia é o povo unido pacificamente. Nada de quebrar o patrimônio público ou privado”, declarou, acrescentando ‘Brasil livre da corrupção e da ideologia’,
Opinião: Fabiane Araújo, escrivã de Polícia Civil, mestre em Ensino e doutora em Ciência do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia
“Um ato cívico, ordeiro, pacífico e tranquilo. Uma coisa patriota. Acreditamos que a afronta que fizeram de queimar um símbolo nacional está queimando os próprios brasileiros. Como podemos permitir que pessoas que gritam por democracia realmente não praticam a democracia. O exercício da democracia dá trabalho. O ato cívico não para apenas quando você vota. O exercício da cidadania exige que a pessoa respeite o outro, tenha empatia, construa essa ponte e dê a sua opinião. Ao fazer rótulos cria-se uma barreira e tudo que poderia ser construído mesmo tendo opiniões diferentes é impossibilitado. As pessoas não sabem mais ouvir as outras. Essa polaridade fica um para um lado e um para o outro, a pessoa que é serena, moderada e muitas vezes rotulada acaba realmente não tendo voz. A gente precisa unir vozes para uma sociedade melhor. O que o pessoal da esquerda tem de bom e que pode contribuir e o que o pessoal da direita também. Quando se polariza e cada um fica para o seu lado querendo ter a sua razão não contribui para o bem da sociedade. Estamos aqui construindo algo para o bem da sociedade. Que as pessoas possam valorizar os símbolos nacionais. A geração de hoje nunca estudou OSPB (Organização Social Política Brasileira), uma disciplina da escola, não era partidário e se estudava os conceitos da política brasileira. Deveria voltar e as pessoas saberem o que estão falando. As pessoas que queimaram a bandeira disseram que fizeram pela democracia, mas aquilo ali é democracia? Eles se autodenominam de antifascistas, mas aquela atitude não é fascista? Eles não sabem o que eles estão fazendo, não entendem pelo o que lutam e o que tentam combater”. A critica
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