Os relatórios fazem parte do material probatório em uma ação conjunta de 41 estados americanos contra a gigante de tecnologia. O grupo acusa a Meta de explorar ferramentas nas redes sociais prejudiciais à saúde mental e física de jovens, além de intencionalmente viciantes.
De acordo com os documentos, uma apresentação interna da Meta em 2020 mostrou que a empresa projetou seus produtos considerando características específicas dos adolescentes, como serem “predispostos a impulsos, pressão dos colegas e comportamentos arriscados potencialmente prejudiciais”.
A apresentação destacou que os adolescentes são ávidos por “sentir-se bem” com os efeitos da dopamina, um neurotransmissor que proporciona sensação de prazer. A Meta é descrita no Wall Street Journal como eficiente em fornecer estímulos que desencadeiam a dopamina, especialmente no Instagram.
O Wall Street Journal relata que funcionários da Meta expressaram preocupações sobre os efeitos, principalmente do Instagram, na saúde dos jovens. Karina Newton, chefe de política do Instagram, teria afirmado em um e-mail de maio de 2021 que não são apenas os críticos, mas também investigadores, especialistas acadêmicos e pais que consideram o Instagram prejudicial para os jovens.
Os documentos, inicialmente mantidos sob sigilo na ação movida em outubro, alegam que o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, instruiu subordinados a priorizar o aumento do uso das plataformas em detrimento do bem-estar dos usuários, apesar dos alertas sobre os efeitos negativos, como o excesso de notificações.
A Meta contesta as alegações, afirmando que seus produtos não foram projetados para serem viciantes para adolescentes. Stephanie Otway, porta-voz da empresa, disse ao WSJ que a denúncia distorce o trabalho da Meta por meio de citações seletivas e documentos escolhidos a dedo.
Uso por menores de 13 anos
Os documentos judiciais também indicam que a Meta supostamente ignorou o uso do Facebook e do Instagram por pré-adolescentes. Os estados alegam que a empresa tinha conhecimento da falta de proteções adequadas contra o uso por crianças menores de 13 anos, que deveria ser proibido.
Nos EUA, os algoritmos da Meta estimam que até quatro milhões de usuários pré-adolescentes estão presentes em suas plataformas. A denúncia acusa a Meta de não reprimir o uso por essa faixa etária, destacando que a empresa chegou a criar gráficos evidenciando a presença do Instagram entre grupos demográficos de 11 e 12 anos.
Os documentos também revelam que alguns executivos consideraram que restringir o uso por menores poderia prejudicar os negócios da empresa. Um e-mail de 2019 da chefe de segurança global da Meta, Antigone Davis, sugere que a identificação de usuários com menos de 13 anos poderia ser adiada para avaliar o impacto no crescimento.